sábado, 29 de abril de 2023

"A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector

"A paixão segundo G.H." não é para qualquer um; é denso, inesgotável. Pura filosofia. Pura poesia.

Clarice mergulha e nos mostra as profundezas do (não) ser. Clarice divaga, tornando-se cada vez mais doida/lúcida.

Clarice trata sobre os aspectos da existência, incluindo, sim, a paixão em todos os seus significados, das novelas mexicanas à de Cristo.

Clarice e sua obra não envelhecem nem se esgotam. Sempre seduzem; sempre provocam.

domingo, 16 de abril de 2023

"Psicose", de Robert Bloch

Baseado livremente na tenebrosa história de Ed Gein, "Psicose" choca o público até hoje e, por isso, tornou-se um dos maiores clássicos da literatura de horror. Mas é óbvio que Robert Bloch não conseguiu isso sozinho. Na época de sua publicação, o livro chegou às mãos do mestre do suspense Alfred Hitchcock que, fascinado pela narrativa, transformou-a no seu filme mais emblemático.

Em "Psicose", Norman Bates, um homem solitário e excêntrico, envolve-se no curioso sumiço de pessoas que passam pelo estabelecimento da família, o Bates Motel. Envolvida no mistério, encontra-se também a mãe de Norman, Norma Bates, supostamente falecida.

O volume em si é fantástico - especialmente esta edição da Darkside. Adorei a obra! Contudo, ela só reafirmou para mim a genialidade de Alfred Hitchcock, porque surpreendentemente o filme é melhor do que o livro. O cineasta aprimora a história e os personagens, como se dissesse a Robert Bloch: "Observe e aprenda".

Sendo assim, ler "Psicose" é uma experiência magnífica. Mas... assistir ao "Psicose" do Hitchcock é uma experiência obrigatória, tamanha a grandeza dessa joia cinematográfica, cuja perfeição ofusca a obra que a inspirou.

sábado, 1 de abril de 2023

"Quinze dias", de Vitor Martins

Ganhei este livro de presente de uma aluna muito especial. É uma bela recordação dela.

Logo de início, identifiquei-me muito com o personagem principal, chamado Felipe, um adolescente gordo e tímido que não possui autoestima e sofre bullying na escola. O autor trata essas questões com tanta sensibilidade que penso que ele deve ter conhecimento de causa, de como é ser um adolescente inseguro, que não encontra lugar no mundo para si mesmo. Ou seja, Felipe é um personagem bem elaborado e importante para vários jovens.

Na história, que se passa durante as férias de julho, Felipe se vê obrigado a conviver com seu vizinho Caio, também adolescente, durante os quinze dias do título.

Enfim, o livro é escrito de maneira agradável e eficiente, analisa a sociedade e a vida moderna de modo sensível, e trata a atração homoafetiva naturalmente e sem preconceitos; preconceitos esses que estão presentes em personagens secundários da obra.