sábado, 6 de setembro de 2025

"Dança nas sombras", de Julie Garwood

"Dança nas Sombras", de Julie Garwood, apresenta uma narrativa que mistura elementos de suspense e romance. O livro tem início com o casamento de Dylan Buchanan com Kate MacKenna, até que um estranho, que se identifica como Professor MacKenna, traz à tona uma antiga história de rivalidade entre as duas famílias, o que deixa os convidados da cerimônia curiosos e perplexos. Jordan Buchanan, irmã de Dylan, é quem mais fica entusiasmada com o que o excêntrico professor conta e, a partir de então, sai em uma aventura em busca de uma pequena e desconhecida cidade chamada Serenity, na qual encontrará muito além de narrativas pretéritas a respeito dos dois clãs.

Apesar de momentos intrigantes, como os mistérios envolvendo o Professor MacKenna, o ataque à protagonista Jordan e os corpos encontrados no porta-malas, a superficialidade da obra limita o impacto e a empolgação que poderiam envolver um leitor mais exigente. Trata-se de uma leitura para passar o tempo, mas está bem distante de ser marcante. É, na verdade, um título com apelo puramente comercial.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

"Os cem melhores poemas brasileiros do século", de Italo Moriconi

Este volume é um tesouro da literatura nacional. Nele, Italo Moriconi seleciona cuidadosamente os cem melhores poemas do século XX, trazendo ao público obras-primas de grandes nomes da poesia brasileira, como: Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Vinicius de Moraes, Adélia Prado, Mario Quintana, Manoel de Barros, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Carlos Nejar, Henriqueta Lisboa, Paulo Leminski, Augusto de Campos, dentre outros tantos autores renomados.

Definitivamente, uma caixa de joias!

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

"Grace", de Richard Paul Evans

"Grace" realmente foi um dos melhores e mais comoventes livros que já li. Ele nos apresenta ao adolescente Eric, integrante de uma família humilde. O menino abriga secretamente sua colega Grace, que fugiu de casa.

Aos poucos, a relação entre os dois aumenta de intensidade, e Eric descobre mais a respeito da família de Grace, inclusive sobre os motivos que a levaram a escapar daquela realidade.

Em sua obra, Richard Paul Evans nos emociona, nos mostra as condições de vida de muitas pessoas e nos enche de (des)esperança.

Portanto, "Grace" é uma história que encanta através de sua narrativa cativante, mas também nos desencanta o olhar para problemas graves que existem, embora, por vezes, optamos por desviar a nossa atenção.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

"Música para o povo que não ouve", de Cannibal

"Música para o povo que não ouve" reúne a maior parte da obra composta por Cannibal, nome artístico de Marconi de Souza Santos, pernambucano do Alto José do Pinho, bairro recifense que Cannibal e seus companheiros na música tornaram conhecido nacionalmente.

No final dos anos 80, Cannibal formou a primeira banda de punk rock do Recife, a Devotos do Ódio, nome inspirado em um livro de José Louzeiro, que, após sofrer certo preconceito por conta da carga negativa dessa denominação, virou apenas Devotos. E são as músicas desse importante e inspirador grupo que motivaram essa publicação.

Logo no início do volume, há um brilhante e longo relato feito por Marcus ASBarr, parceiro de toda a vida dos Devotos, onde narra, de maneira competente e estimulante, a história desses músicos. Após, há um depoimento incrível do próprio Cannibal. E, para finalizar, as estrelas do show, ou seja, as letras das músicas criadas por Marconi, organizadas por álbum, o que certamente proporciona uma viagem pela trajetória da banda.

O aspecto gráfico do livro é magnífico, começando pelo formato quadrado, remetendo a um LP. Além disso, ao longo das páginas, há fotomontagens compostas por fotografias, cartazes de shows, encartes de fitas demo, recortes de matérias de jornais envolvendo a Devotos, etc. Ainda, o texto da obra utiliza a fonte das antigas máquinas de escrever, o que confere um charme especial ao volume. Por fim, artistas plásticos convidados produziram ilustrações relativas a cada álbum da banda, abrindo a seção correspondente a cada disco.

Devotos não é apenas um grupo de músicos que oferecem há décadas uma significativa contribuição para a música brasileira, mas também, a união de seres verdadeiramente humanos que, apesar de tudo, continuaram em sua comunidade e fazem o que podem, por meio de projetos por eles idealizados, para melhorar as condições de vida do povo do Alto, sobretudo das crianças, de modo a diminuir a violência, a criminalidade, a drogadição, a vulnerabilidade social.

Enfim, para mim, que sou fã da Devotos desde o lançamento do primeiro CD, o "Agora tá valendo", de 1996, "Música para o povo que não ouve" é um tesouro de valor inestimável.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

"Devotos, 20 anos", de Hugo Montarroyos

O livro celebra duas décadas da banda Devotos, antiga Devotos do Ódio, um ícone do punk rock brasileiro. A obra é uma homenagem à trajetória e ao impacto cultural desses expoentes humanos singulares e brilhantes.

Essa biografia oferece uma narrativa envolvente sobre a origem e evolução dos Devotos, explorando as dificuldades e conquistas enfrentadas ao longo dos anos. Montarroyos se aprofunda na dinâmica entre os membros da banda, seus processos criativos e o papel crucial que desempenharam na cena musical de Pernambuco, em especial no Alto Zé do Pinho.

O título trata, também, a respeito de outras iniciativas musicais na comunidade, contemporâneas ao Devotos, como Faces do Subúrbio e Matalanamão, cujos integrantes participaram (ou participam) de projetos em comum.

Além de uma rica descrição dos álbuns, shows e turnês, ilustrada por relevantes fotografias, "Devotos, 20 anos" destaca a relação da banda com seus fãs e o legado deixado na música brasileira. É uma leitura essencial para os admiradores do grupo e para aqueles que desejam entender a influência do punk rock no cenário cultural brasileiro.

Para mim, foi uma leitura super interessante, pois sou fã desses personagens desde criança, sendo o líder dos Devotos, Cannibal, um dos compositores e personalidades que mais me influenciaram durante a vida, ao lado de Raul Seixas, Chico Science, Clemente Tadeu Nascimento e Edson "Redson" Pozzi. E, apesar de ser um volume publicado em 2010, atrasado dois anos em relação ao marco de duas décadas desse ícone do Punk Rock brasileiro, cuja fundação se deu em 1988, é carregado de informações essenciais para os admiradores do trabalho de Cannibal, Neilton e Celo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

"Morte ou Glória", de Michael Asher

Infelizmente, não tive a oportunidade de ler a série completa "Morte ou Glória", composta por quatro volumes. No entanto, a versão resumida que encontrei na edição da coleção "Seleções de Livros", da Reader's Digest, já conseguiu me surpreender positivamente.

A narrativa transporta os leitores para o ano de 1942, onde acompanhamos o sargento Tom Caine liderando uma tropa de resgate no deserto do Saara. Sua missão é desafiadora, pois tem de enfrentar tanto as forças alemãs comandadas por Rommel quanto a implacável paisagem e guerrilheiros locais. O objetivo de Caine é salvar a oficial Maddaleine Rose das inescrupulosas garras nazistas. Caso não consiga, deve tomar a difícil decisão de matá-la, para evitar que revele segredos cruciais e sofra torturas inimagináveis.

"Morte ou Glória" se revela uma obra-prima, entrelaçando ação, aventura, romance, drama, suspense, estratégia e fatos históricos. Cada palavra é escolhida com cuidado e inserida no seu devido lugar, resultando em uma leitura envolvente e sublime. Um verdadeiro convite para os amantes da leitura. 

quarta-feira, 30 de julho de 2025

"Onde está você agora?" (intitulado também como "Por onde você anda?"), de Mary Higgins Clark

Há dez anos, o irmão da jovem advogada Carolyn MacKenzie sumiu deliberadamente. Desde então, todos os anos, o foragido Mack liga para a família no Dia das Mães, pronunciando poucas palavras.

Ao mesmo tempo, moças têm desaparecido, e alguns dos casos são similares ao de Mack.

Carolyn, então, não deseja mais deixar o passado para trás e busca desvendar o mistério.

Nesta instigante história, Mary Higgins Clark transforma os leitores em detetives e proporciona a eles muita diversão.

Uma leitura leve e prazerosa!

sexta-feira, 18 de julho de 2025

"A angústia das pequenas coisas ridículas", de Luisa Geisler

Fiquei completamente apaixonado por este livro, por sua narrativa, tanto pelos temas que abrange quanto pela escrita de Luisa Geisler!

A protagonista da história é uma adolescente qualquer, que leva uma vida nada mirabolante. Mas tudo é contado de acordo com a peculiar visão dessa menina: seus problemas reais, suas tempestades em copo d'água; seus interesses pessoais, suas paixões; as maneiras pelas quais enxerga os outros, as coisas e as situações.

Assim, a jovem autora nascida em Canoas (RS) constrói uma obra profundamente cativante, capaz de atrair variadas faixas etárias, não só pela qualidade admirável do seu trabalho, mas também pela criatividade e perspicácia com a qual captura as influências mais banais do cotidiano, como o comportamento dos cidadãos dentro de um ônibus ou o aroma proporcionado por uma jaqueta.

É surpreendente, também, a forma que ela usa para se dirigir a cada rede social e a cada personagem, desacomodando o leitor, fazendo com que ele entenda plenamente as referências, sem citar nomes próprios ou características específicas. A título de ilustração, o YouTube é a "Rede Social dos Vídeos Longos" e a coordenadora pedagógica da escola em que a protagonista estuda é a "Coordenadora-Gafanhoto".

Por fim, confesso que fiquei encantado com o jeito sutil, porém incisivo, com o qual Luisa Geisler estimula a valorização da leitura e das bibliotecas nas páginas desta sua criação. Ela alude a grandes títulos, a notáveis escritores, destacando trechos retirados dos volumes que a protagonista lê e que fazem sentido na vida dela, estratégia que, sem sombra de dúvida, aguça a curiosidade do público acerca de alguns dos clássicos da nossa literatura.

Simplesmente perfeito!

quarta-feira, 16 de julho de 2025

"Devo tudo ao cinema: como venci o bullying com a arte", de Octavio Caruso

Nesta obra, Octavio Caruso conta a sua bonita história de vida, que, coincidentemente, é bastante similar à minha.

Desde criança, o autor sentia-se diferente das demais pessoas de sua idade e, ao mesmo tempo, nutria um verdadeiro fascínio pelo cinema.

Crescendo em meio à opressão dos colegas e sentindo-se sozinho, a arte foi o melhor refúgio encontrado por Octavio.

Superando todos os reveses que surgiram, Caruso conseguiu realizar os seus objetivos, sem mesmo contar com o encorajamento da família.

Para finalizar, é preciso acrescentar que, além da inspiradora trajetória narrada pelo autor, "Devo tudo ao cinema" traz aos leitores um ponto de vista muito lúcido sobre o funcionamento da sociedade, da educação e da cultura em nosso país, e levanta reflexões pertinentes acerca do bullying.

Sendo assim, o livro é altamente recomendado para apreciadores do cinema, professores, psicólogos e, também, para aqueles que gostam de conhecer exemplos de superação.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

"Amor de Salvação", de Camilo Castelo Branco

Este clássico escrito por um dos grandes nomes da Literatura Portuguesa surpreendeu-me bastante, pois tem uma história interessante, uma narrativa tão moderna e envolvente quanto a de Machado de Assis e uma lição de vida que vale até mesmo para os dias de hoje.

Na obra, Castelo Branco nos conta a trajetória de Afonso, que, apaixonado pela belíssima Teodora e acostumado à ostentação e ao luxo, quase acaba arruinado.

Uma leitura super indicada!

domingo, 29 de junho de 2025

"O morcego e a luz: 80 anos de Batman no cinema", de Ticiano Osório

Nesta obra, o crítico de cinema gaúcho Ticiano Osório constrói um belo levantamento de todas as aparições cinematográficas do personagem Batman.

Certamente, como um apaixonado pelo super-herói desde a infância, Ticiano não consegue esconder a sua predileção por uma ou outra produção -- fato que deixa alguns leitores inquietos. Contudo, isso não desmerece esse livro tão interessante, tão gostoso de ler e tão memorável, até por conta de sua proposta.

Adorei!

quarta-feira, 18 de junho de 2025

"O Silêncio dos Inocentes", de Thomas Harris

O livro "O Silêncio dos Inocentes" consegue a façanha de ser ainda melhor do que o filme. E faz isso por meio da narrativa envolvente de Thomas Harris e da história fascinante que o autor traz à tona: corpos de moças estão sendo encontrados em diferentes locais dos EUA, todos parcialmente sem pele. Sem saber a quem recorrer, o FBI pede que a jovem agente Clarice Starling sonde informações com o psiquiatra/psicopata Hannibal Lecter, uma letal caixinha de surpresas.

A obra literária esmiúça detalhes fundamentais a respeito dos personagens, os quais, pelas limitações da linguagem cinematográfica, foram omitidos no filme, incluindo características que ajudam o público a entender melhor Clarice Starling e Jame Gumb. Apesar disso, é fato que o filme é bem fiel ao livro, realmente adequando-o ao formato. Também, é incontestável que Anthony Hopkins proporciona aos espectadores um Hannibal que transcende as páginas literárias e imortaliza-se na cultura popular.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

"Caça-fantasmas brasileiros", de Rosa Maria Jaques e João Tocchetto

"Caça-fantasmas brasileiros" é um livro publicado em 2016. A obra narra mais de 30 experiências da autora, Rosa Jaques, uma reconhecida paranormal, e seu marido, João Tocchetto. Desde 1996, a dupla tem resolvido casos sobrenaturais por todo o Brasil, ajudando espíritos e fantasmas a encontrar a paz.

A publicação conta diversas histórias de assombrações em locais como hospitais, cadeias, cemitérios e museus. Cada capítulo apresenta um caso diferente, desde a ida ao local onde ficava a Casa de Detenção de São Paulo até a visita à residência do famoso estilista Clodovil.

O trabalho do casal é impressionante, pois Rosa Jaques não é daquelas videntes sensacionalistas. Ela age de maneira ponderada e sóbria, trazendo mais seriedade e respeito à sua prática, cujo objetivo é auxiliar vivos e mortos a entenderem e a aceitarem a vida e a morte.

O canal "Caça Fantasmas Brasil" no YouTube, que apresenta esses casos e outros tantos, é superinteressante! E o livro em questão serve como um bom roteiro para aqueles que desejam conhecer mais sobre as atividades dessa equipe fora de série.


domingo, 1 de junho de 2025

"A Vida da Morte: Jornada ao Submundo", de Bárbara Seibel

- Título: “A Vida da Morte – Jornada ao Submundo”

- Autora: B. I. Seibel

- Editora: Lunas (SP)

- Ano de lançamento: 2023

- Nº. de páginas: 194


No meio de uma noite sombria, o adolescente Daniel está em sua humilde moradia, quando estranhas criaturas surgem repentinamente, sequestram-no e o levam para o Submundo, um local proibido para os seres humanos. Blenda, o seu anjo da guarda, culpa-se por não tê-lo protegido como deveria e, por isso, recebe do Princípio a missão de trazê-lo de volta para o Intermediário. Então, após buscar o auxílio de outros fascinantes personagens para tentar concluir com sucesso essa tarefa, inicia a sua jornada ao Submundo, cujas aventuras são narradas neste primeiro volume da pretensa trilogia “A Vida da Morte”. Cabe ao(à) leitor(a) descobrir as surpresas que Blenda e os seus companheiros encontrarão em seu caminho.

Em “Jornada ao Submundo”, Seibel, por meio de uma narrativa competente e instigante, nos faz mergulhar no universo mágico por ela criado. A história não é contada seguindo aquele clássico padrão já batido, composto por “situação inicial”, “conflito”, “clímax” e “desfecho”. Até há uma “situação inicial”, embora possamos perceber que os personagens já carregam inúmeras vivências anteriores (as quais poderiam, inclusive, gerar outros ambiciosos livros), e o “conflito”, ocasionado pela captura do menino. Porém, creio que o “clímax” e o “desfecho” estão distantes de ocorrer e, com certeza, nos serão apresentados no decorrer da série. Esse é um elemento importante e diferente daquilo que é observável em títulos de fantasia abarcando vários subtítulos, como a saga “Harry Potter”, por exemplo. Porque “A Vida da Morte” envolve, provavelmente, uma só sequência de fatos, segmentada em três obras distintas, sem propor um apelo particular para cada exemplar da coleção.

Com seu estilo voltado ao estímulo do suspense, entregando cápsulas de roteiro aos poucos e alternando trechos que tratam brevemente a respeito de cada núcleo de personagens, recurso que pode ser identificado nas novelas, Bárbara desacomoda o(a) leitor(a) desatento(a). Isso não quer dizer que a autora desenvolve uma narrativa difícil, mas sim, fora do padrão, o que torna a experiência de leitura ainda mais atraente. Além disso, a utilização de um narrador onisciente nos oferece até mesmo as características mais íntimas dos seres maravilhosos participantes dessa fictícia missão, permitindo que as pessoas conheçam de verdade os protagonistas, os antagonistas e os coadjuvantes que saltam das páginas de “A Vida da Morte” para a vida de cada um de nós.

Portanto, a “Jornada ao Submundo”, formulado como um romance de aventura infantojuvenil, é capaz de agradar, como já vem acontecendo, leitores e leitoras das mais diversas faixas etárias, tendo em vista que é constituído por um enredo interessante, personagens inventivos, narrativa bem planejada e reflexões pertinentes, que podem ser alcançadas por uma leitura bem executada. Ou seja, com este volume em questão, Bárbara Seibel comprova que não é só mais uma jovem escritora, e sim, que veio para realmente somar no cenário cultural brasileiro.

sábado, 24 de maio de 2025

"Reunião de poesia", de Adélia Prado

"Reunião de poesia", de Adélia Prado, é uma coletânea que reúne 150 poemas dos livros "Bagagem" (1976), "O coração disparado" (1978), "Terra de Santa Cruz" (1981), "O pelicano" (1987), "A faca no peito" (1988), "Oráculos de maio" (1999) e "A duração do dia" (2010).

Adélia Prado escreve sobre temas do dia a dia com muita sensibilidade. Ela usa uma linguagem acessível para enaltecer a beleza nas coisas comuns. Sua poesia soa despretensiosa e displicente, mas é exatamente isso que a autora deseja: mostrar que é na simplicidade, na vida de qualquer pessoa, que mora a poesia — basta saber captá-la. Suas obras falam sobre a vida, espiritualidade e a busca por significado, sempre com um toque de melancolia e celebração da existência.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

"Educação para todas as vidas: um novo olhar para a vida, um rumo novo para a educação", de Mauro José Santin

Em "Educação para todas as vidas", o plural Mauro José Santin intercala trechos em que narra a sua própria trajetória com reflexões a respeito de como a nossa doente e automatizada sociedade vive e, consequentemente, de como a humanidade enxerga a educação de modo a inserir esses novos seres humanos nesse mesmo mecanismo doentio e sem sentido.

Nesse contexto, o autor sugere a todos formas menos alienantes e automáticas de deixarem as suas marcas nesta existência, assim como propõe maneiras de organizar a educação, para que os indivíduos tenham mais consciência de si mesmos, do outro, de seu papel no mundo e de como realmente podem ser protagonistas ignorando as diversas "podas" socialmente estabelecidas.

De minha parte, confesso que já era um grande fã da escrita de Mauro Santin, do jeito que ele saboreia as palavras -- (re)descobrindo significados, atentando aos elementos que as compõem e encontrando a poesia sob qualquer circunstância. E, somadas a essa maneira brilhante de redigir, há ideias e ideais interessantes de verdade e diagnósticos infelizmente certeiros.

Enfim, "Educação para todas as vidas" prova ser uma obra que deleita e ensina, cujas páginas certamente ajudam a tornar seus leitores melhores.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

"A riqueza do mundo", de Lya Luft

"A riqueza do mundo", de Lya Luft, explora temas fundamentais, como o amor, a perda, a busca pela felicidade e a complexidade das relações humanas. A escrita da autora é envolvente e intimista, permitindo ao leitor mergulhar em um universo introspectivo, que convida a pensar.

Comparando com "Múltipla escolha", obra sobre a qual já comentei há algumas postagens, é possível perceber uma evolução no estilo narrativo e na abordagem dos assuntos. Enquanto aquele já mostrava a habilidade de Luft em propor reflexões relevantes e profundas, este parece aprimorar ainda mais essa capacidade, oferecendo uma visão mais madura e elaborada das questões tratadas.

Ambos os títulos destacam-se pela forma como a escritora utiliza sua experiência de vida e seu olhar peculiar para trazer à tona aspectos existenciais, trazendo uma perspectiva abrangente e lúcida sobre o mundo ao nosso redor. "A riqueza do mundo" pode ser vista, portanto, como uma continuação natural e um aprofundamento das reflexões presentes em "Múltipla escolha".

quinta-feira, 8 de maio de 2025

"Vidas Secas", de Graciliano Ramos

Ao ler "Vidas Secas", o leitor entende por que este livro trata-se de um clássico inquestionável.

Na obra, as vidas retratadas por Graciliano são secas de intelecto, de humanidade, de dignidade. Ou seja, a terra é seca, mas as pessoas são mais.

A narrativa é completamente envolvente. O leitor vive o sofrimento junto dos personagens, que vivem como nômades em busca da esperança do verde e da limpidez da água.

E, por falar em personagens, a cachorra Baleia é uma das figuras mais emblemáticas da Literatura, pois, por meio dela, observamos a família e as suas próprias abstrações. Além disso, até a metade da leitura, temos a impressão de que a cadela é o ser mais racional do grupo. E é só depois que ela se vai que os membros do agrupamento tornam-se menos animalescos.

Para finalizar, admito que o capítulo 9, intitulado "Baleia", é uma das seções mais sublimes e comoventes que já tive a experiência de ler.

sábado, 3 de maio de 2025

"Desvelando belas mentiras", de Franciele Fátima Marques e Idanir Ecco

- Título: "Desvelando belas mentiras: alienação e ideologia nos livros didáticos"

- Autores: Franciele Fátima Marques e Idanir Ecco

- Editora: EdiFAPES (RS)

- Ano de lançamento: 2017

- Nº. de páginas: 132


O livro “Desvelando belas mentiras”, de Franciele Marques e Idanir Ecco, de modo a abordar de forma bastante completa a temática a que se propõe, traz aos leitores as noções de alienação encontradas nas obras de Hegel e Marx, bem como o conceito de ideologia elaborado por Marx e Engels, trazendo, posteriormente, esses enfoques dentro da educação. Ainda, trata de como os livros didáticos surgiram no decorrer da história da educação, e como esse processo se deu no Brasil. Em seguida, para ilustrar esses fundamentos teóricos apontados pelos autores, elenca exemplos de como a alienação e a ideologia podem ser identificadas nos livros didáticos, em aspectos como: raça, cor e gênero; família e suas possíveis estruturas; concepções de trabalho; o índio visto por um prisma preconceituoso; desigualdade social e consumo; esporte e lazer; também, acesso às novas tecnologias. Por fim, discorre a respeito das propostas de educação que seus elaboradores creem ser a mais adequada ao contexto nacional.

Esse título surpreendeu-me bastante, pois mostra que os materiais didáticos engessados vão muito além da escolha deprimente de textos, que, muitas vezes, não instigam nem os docentes à leitura, e da precariedade das explicações, que tornam o processo de ensino-aprendizagem quase impraticável. “Desvelando belas mentiras” aponta que essas publicações, completamente dissociadas da realidade vivida pela maior parte dos estudantes da rede pública de ensino, não têm nada de inocentes. Estão, sim, a serviço de uma visão de mundo elitista e segregadora, cujos meios convergem para o preconceito, o consumismo, o conformismo e ideias distorcidas de trabalho, família, alimentação e práticas esportivas, só para citar alguns exemplos.

Aqui, Franciele e Idanir afirmam que, enquanto os(as) professores(as) não tiverem a autonomia de escolher os seus materiais didáticos, atentando à realidade discente, bem como buscando promover o protagonismo e o engajamento por parte dos estudantes, a educação não funcionará de maneira eficiente, uma vez que, nesse cenário em que os educadores somente seguem uma cartilha na qual não acreditam, que não os estimula e cujos resultados já sabem de antemão serem pífios, o aprendizado não acontece satisfatoriamente; e essa responsabilidade nunca recai sobre quem deveria.

É uma publicação extremamente recomendada a todos os docentes, sejam eles da rede pública ou privada, ou de que etapa de ensino forem, tendo em vista que os prepara para analisar os livros didáticos de maneira mais crítica, tornando-os mais conscientes em relação à máquina em que estão inseridos e fornecendo-lhes argumentos para resistir a algumas metodologias impostas por quem organiza a educação em nosso país.

Para mim, inclusive, foi uma enorme honra realizar a leitura dessa obra, porque tenho Franciele Fátima Marques como a competente diretora de uma das escolas na qual leciono, pessoa que, através de sua prática e de sua humanidade, já me ensinou bastante, assim como tive Idanir Ecco como professor durante a realização da minha licenciatura em Letras, profissional que, por meio de suas palavras e de seu cativante jeito de ser, ensinou-me também demais. Muito obrigado por essas oportunidades.

sábado, 26 de abril de 2025

"A banda na garagem", de Moacyr Scliar

Este livro trata-se de uma coletânea de textos do saudoso Moacyr Scliar, um dos escritores mais talentosos que o Rio Grande do Sul e o Brasil já tiveram.

Aqui, Scliar elabora vinte e cinco crônicas ficcionais inspiradas em notícias verdadeiras, sempre de forma muito divertida, criativa e leve, como só esse autor conseguia fazer.

As minhas favoritas foram "A emoção congelada", "A barba do Papai Noel" e "A cura pelo beijo".

sexta-feira, 18 de abril de 2025

"A Hora da Estrela", de Clarice Lispector

Li pela primeira vez este livro enquanto cursava Letras — e já fora uma experiência muito impactante e significativa. Relendo agora, mais de quinze anos depois, creio que posso considerá-lo o meu livro favorito. Pois, aqui, Clarice une uma história acessível (mas também densa) e um estilo simples (porém estudado, porque soa relapso, embora seja bastante lapidado), naquilo que se pode chamar de auge criativo, de pura inspiração.

"A Hora da Estrela" possui poucas páginas, sem ser curto. Tem o tamanho necessário para deixar o leitor com a mesma fome e o mesmo anseio da protagonista Macabéa, se é que essa moça possa ser protagonista de qualquer coisa.

Em síntese, na obra, a nordestina Macabéa, paupérrima de tudo, vive desventuras na cidade do Rio de Janeiro, onde tudo e todos abusam da sua inocência, de sua falta de atrativos.

A narrativa mostra aquilo que a própria Clarice (ou Rodrigo S.M.) afirma no decorrer da história: "A vida é um soco no estômago".

E, como se isso não fosse o suficiente, lendo o posfácio redigido por Paulo Gurgel Valente, descobre-se ainda que "A Hora da Estrela" pode ser interpretada de maneiras inimagináveis. Ou seja, em menos de 100 páginas, a autora conseguiu acrescentar camadas e mais camadas de leitura, todas aproveitáveis.

Sublime, simplesmente sublime. Uma oportunidade cultural absolutamente transformadora. Quase que indescritível. Nada do que eu colocar aqui basta.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

"Mais longa vida", de Marina Colasanti

Excelente este livro de poesia da talentosíssima Marina Colasanti! Confesso que eu nunca tinha lido nada dela que não fosse literatura infantojuvenil, embora sempre admirasse a qualidade da sua escrita. Então, para mim, seus poemas eram um enigma.

Os versos de Marina são livres, modernos, sensíveis, inspirados. A autora é daquelas que capta a poesia no cotidiano, em instantâneos. Ou seja, é uma poesia natural, espontânea.

Em seus poemas, alguns em italiano, a maioria em português, a poetisa trata sobre paisagens, relacionamentos, momentos, viagens, dentre outros temas, principalmente o meu favorito: a nossa alucinada sociedade. Os meus preferidos foram: "Nos pálidos pés" (onde Marina comenta um peculiar e triste episódio ocorrido durante a guerra); "Um longo percurso" (onde ela analisa o ser humano por meio de uma "tirada culinária"); e "Jogging" (onde Colasanti discorre a respeito do nosso tortuoso estilo de vida).

Simplesmente sublime e agradabilíssimo!

sábado, 5 de abril de 2025

"Escritos", de Mariele Zawierucka Bressan

 - Título: "Escritos"

- Autora: Mariele Zawierucka Bressan

- Editora: EdiFAPES (RS)

- Ano de lançamento: 2025

- Nº. de páginas: 56



"A poesia não é, necessariamente, métrica." (Mariele Zawierucka Bressan, na obra “Escritos”, página 48)


Na apresentação do volume em questão, Mariele erroneamente diminui sua poesia ao afirmar que, ao reler seus textos, tende a se flagelar; que, quando está sozinha, sua autoestima eleva-se, conferindo-lhe coragem (e, por conta disso, trazendo à tona seus escondidos, desencontrados e reencontrados versos); que seus poemas são uma tentativa de falar com voz humana (como se humana não fosse); que, por meio deles, expõe o ridículo que mora em suas entranhas. No entanto, ao se posicionar dessa forma, comprova que tanto a poesia quanto a humanidade estão incrustadas dentro de si.


"Escritos" é um livro constituído por poemas que fluem e dançam, com rimas naturais e ocasionais, nem um pouco forçadas. Seus versos apresentam o ritmo do eletrocardiograma que é a nossa vida — oscilante, resiliente e visceral.  


A autora faz um uso criativo e estratégico das palavras, expressando o máximo com o mínimo de elementos. Além disso, a poetisa joga xadrez com os termos que emprega, formando imagens poéticas inspiradas e lapidadas, buscando a precisão do que sente e do que quer dizer.


Por meio de sua poesia, traz beleza até aos mais temíveis transtornos e dramas humanos; e, de maneira geral, aborda temas variados e relevantes, como: o saudosismo, o estilo de vida moderno, o fazer poético, o protagonismo, o consumismo, o carnaval (e suas máscaras), as angústias individuais, as desigualdades sociais e a política.


Fazendo um à parte, chamou-me atenção a releitura criativa de Quintana e Drummond, aludindo, de maneira equilibrada e sagaz, ao positivismo de um e ao negativismo do outro.


Particularmente, em uma breve análise, meus favoritos foram os títulos "Das incertezas", "Das imperfeições", "Acreditar", "Tanta sola", "Menino do morro", "Releitura", "Cães em bando", "A tecitura", "Sobre a mudança" e "Tempo", sendo esses os que mais me impressionaram a mente e o coração.


Mariele subestima a importância da sua produção, tratando-a como mero passatempo. Mas sua excelente capacidade poética faz parar o tempo enquanto o(a) leitor(a) a degusta. Para mim, esta escritora que se lança tarde na Literatura (antes tarde do que nunca) demonstrou ser superior a muitos(as) autores(as) renomados(as).


Portanto, na minha opinião, "Escritos" é indicado para pessoas sensíveis que desejam ganhar tempo e se deleitar com a boa poesia contemporânea.

sábado, 29 de março de 2025

"Múltipla escolha", de Lya Luft

"A quem achar que sou demais romântica, ou demais pessimista, direi que nem uma coisa nem outra: escrevo sobre a morte porque desejo a vida, e sobre a dor porque acredito na possível alegria. Falo das minhas preocupações porque tenho esperança; espreito a sombra porque acredito em alguma claridade que justifique o universo. [...]" (Lya Luft, em "Múltipla escolha")

Nos ensaios publicados nesta obra, a autora retrata as armadilhas criadas pela sociedade moderna, como o incentivo ao consumismo, as diversas pressões que cada um de nós sofre e a necessidade de reconhecimento e de aprovação. Por outro lado, Lya celebra a existência e as relações humanas, o que a leva a comprovar como a vida seria melhor se pudéssemos nos livrar das ciladas que a própria humanidade elabora, já que o homem é tão racional que constrói as jaulas nas quais será preso e os instrumentos de tortura com os quais será maltratado.

E é muito difícil escaparmos desse estilo de vida frenético e doentio, uma vez que, desde que nascemos, estamos condenados a ele. Contudo, na sina de cada indivíduo, há decisões a serem tomadas, pequenas margens de ação que podemos usar para fazermos escolhas que tornem a nossa caminhada menos tortuosa. Para isso, temos de diminuir o nosso ritmo, analisar a nossa rotina, observar as pessoas ao nosso redor, estar atentos aos sinais, escutar o nosso coração e usar a nossa capacidade de raciocínio. Além disso, se preciso for, recalcular a rota, repensando o nosso trajeto, desenhando uma trajetória que nos deixe mais satisfeitos no final.

Ou seja, "Múltipla escolha" é um livro que nos faz refletir a respeito da nossa vida, dos nossos relacionamentos, das nossas interações com as demais pessoas a nossa volta, das nossas inserções na sociedade e, também, sobre os nossos princípios e valores.

sexta-feira, 14 de março de 2025

"Tubarão", de Peter Benchley

Este é o livro no qual o clássico filme de Steven Spielberg foi baseado. A produção cinematográfica é realmente marcante e imperdível. Porém, se compararmos a obra literária com a fílmica, as páginas devoram as imagens em movimento com a mesma facilidade que o tubarão estraçalha os personagens.

"Tubarão" é muito bem escrito! É envolvente, assustador e permite, sim, várias camadas de leitura.

Após lê-lo, o leitor fica tentado a afirmar que a qualidade do filme é uma afronta ao livro, pois, em suas linhas, as ações são melhor elaboradas, os personagens são mais profundos e interessantes, bem como várias abordagens e assuntos diferentes são desenvolvidos de forma competente.

Por meio da sua narrativa, Peter Benchley construiu um dos maiores tesouros da cultura mundial. Sorte de quem a aproveitar.

sábado, 8 de março de 2025

"Antologia Poética", de Florbela Espanca (Editora Penkal)

Este volume reúne a obra poética completa da autora portuguesa Florbela Espanca, incluindo os títulos: "Livro de Mágoas", "Livro de Sóror Saudade", "Charneca em Flor", "Reliquiae", "Trocando Olhares" e "O Livro d'Ele".

Nessa antologia, o leitor pode testemunhar todo o talento da poetisa lusitana, que escrevia de forma romântica e extremamente melancólica, utilizando-se de muita técnica e naturalidade. A obra revela a genuína dor da autora, cuja produção literária está registrada como uma das mais significativas da Literatura Portuguesa.

Mesmo tendo vivido pouco tempo, Florbela Espanca deixou um legado poético marcante. Sua vida foi interrompida tragicamente no dia do seu aniversário de 36 anos, quando decidiu tirar a própria vida.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

"História do Futuro: O Horizonte do Brasil no Século XXI", de Míriam Leitão

O livro "História do Futuro", da jornalista Míriam Leitão, é muito relevante e deveria ser conhecido pelo maior número de pessoas possível.

Ele aborda o cenário brasileiro (e mundial) em seus mais diversos aspectos, revisitando o passado para entender o presente e, a partir de então, projetar o futuro.

É uma obra que proporciona inúmeros aprendizados, de leitura agradável e didática. Por conta disso, em todas as ocasiões nas quais abria esse volume para desfrutá-lo um pouco, descobria fatos interessantes e/ou desconhecidos.

Além disso, sendo uma publicação de 2015, ou seja, de uma década atrás, há várias colocações que Míriam conjectura para o futuro que já estamos conseguindo observar atualmente -- a maioria delas pessimistas, infelizmente, como o ponto de não retorno da Amazônia e o aumento de desastres naturais, como as enchentes e as secas.

Sendo assim, a leitura de "História do Futuro" é profundamente válida, seja para aprender mais sobre o Brasil e o mundo, seja para tornar-se um cidadão mais consciente.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

"O Tango da Velha Guarda", de Arturo Pérez-Reverte

Maravilhoso! Maravilhoso! Simplesmente maravilhoso! O livro em questão é uma verdadeira obra-prima, lapidada com extremo cuidado, pensada em cada detalhe.

A capa de "O Tango da Velha Guarda" já atrai. Nela há uma fotografia em preto e branco da inigualável atriz Grace Kelly, no Hotel Carlton, em Cannes, durante o Festival de Cinema de 1955. O título também é intrigante, pois remete ao sedutor estilo musical e suas raízes.

O enredo aborda os encontros e desencontros entre Max Costa, um dançarino de tango golpista, e Mecha Inzunza, uma belíssima dama da alta sociedade, ocorridos em três momentos distintos da trajetória humana no século XX.

A obra cresce a cada página. Gradativamente, a leitura convida e estimula a virada das folhas de papel. O leitor envolve-se com a história, com os personagens, além de enxergar as situações, sentir os odores, ouvir as canções, experimentar as sensações.

Verdadeiramente, sem qualquer sombra de dúvida, é um dos melhores títulos que já li. E uma preciosa sugestão do saudoso e genial David Coimbra — provavelmente uma das últimas que fez em suas colunas no jornal Zero Hora.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

"Bons dias", de Machado de Assis

"Bons dias" é um livro de crônicas do genial e inigualável Machado de Assis, escritas sob pseudônimo em 1888 e 1889. Por não assinar esses textos, a autoria desse inesgotável escritor só foi descoberta na década de 1950.

As crônicas aqui apresentadas são maravilhosas, pois, além de retratarem o Brasil e sua gente da época, de um ponto de vista genuíno e presente do final do século XIX, o que já seria grandioso, tratam da sociedade contemporânea, uma vez que percebemos os mesmos trejeitos, vícios e comportamentos atualmente, seja na política, na religião ou na vida privada, só para citar alguns exemplos. O autor também discorre a respeito dos estrangeirismos que poluem a língua.

E, para finalizar, o tom irônico e perspicaz de Machado dá um toque especial à obra. Além disso, a habilidade notável do autor de contemplar a essência humana em qualquer época comprova o quanto ele é brilhante, imortal e único.

Uma leitura incrível!

sábado, 4 de janeiro de 2025

"Pedra Encantada e outras histórias", de Rachel de Queiroz

Este livro reúne surpreendentes narrativas da grandiosa Rachel de Queiroz, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. 

Aqui, a escritora conta, de forma consistente e instigante, casos peculiares e, por vezes, engraçados, marcados pelo suspense, pelo (ir)real e pelos comportamentos e possibilidades humanas. 

Esta obra revela ao leitor os motivos que fizeram Rachel de Queiroz se tornar uma das autoras brasileiras mais notáveis, uma artista de visão ímpar e talento genuíno.