sábado, 4 de janeiro de 2025

"Pedra Encantada e outras histórias", de Rachel de Queiroz

Este livro reúne surpreendentes narrativas da grandiosa Rachel de Queiroz, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. 

Aqui, a escritora conta, de forma consistente e instigante, casos peculiares e, por vezes, engraçados, marcados pelo suspense, pelo (ir)real e pelos comportamentos e possibilidades humanas. 

Esta obra revela ao leitor os motivos que fizeram Rachel de Queiroz se tornar uma das autoras brasileiras mais notáveis, uma artista de visão ímpar e talento genuíno.

sábado, 21 de dezembro de 2024

"Solte os cachorros", de Adélia Prado

Não importa: seja em prosa, seja em verso, Adélia é poética!

"Solte os Cachorros" (1979) marca a estreia da autora em um livro de prosa. O formato mudou, mas a poesia não a abandonou em momento algum.

Na seção principal, homônima à obra, Adélia realmente "solta os cachorros", pois todas as páginas soam como desabafos. Nelas, a mineira "regurgita" suas impressões sobre a vida e o mundo, com destaque para os relacionamentos interpessoais e a religiosidade. Tudo isso é feito de forma aparentemente solta e misturada, em vastos blocos de prosa, onde a escritora utiliza-se tanto da forma quanto de sua transpiração poética para comunicar.

No restante do livro, em "Sem enfeite nenhum" e "Afresco", a autora experimenta temas, abordagens e formatos, construindo um encantador mosaico literário.

Por fim, em "Solte os Cachorros", diz e não diz, afirma mas confunde. No decorrer da leitura, o leitor nunca tem certeza se está lidando com ficção, autobiografia ou autoficção; se está lendo sobre Adélia, sobre uma mulher qualquer ou, até mesmo, sobre um homem. Em suas linhas, o dito transmite muito, mas o não dito grita!

"Solte os Cachorros" é uma joia muito bem lapidada, com uma falsa aparência de pedra bruta.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

"Palco dos Dias", de Eugênio Mazur

"Palco dos Dias" é um delicioso e instigante livro de poesia. Nele, o autor nos presenteia com poemas breves, que soam como capturas instantâneas, profundas percepções das minúcias da vida.

"Palco dos Dias" é pura poesia. Seus textos, embora pequenos em tamanho, são grandes em significado, convidando o leitor a desvendar seus enigmas.

Eugênio Mazur indaga e divaga sobre o passado, o presente e o futuro, utilizando palavras que despertam a hibernante sensibilidade do ser humano moderno.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

"Poltrona 27", de Carlos Herculano Lopes

"Poltrona 27" é um romance fascinante. Nele, o autor narra as experiências do protagonista Carlinhos, que realiza inúmeras viagens de ônibus entre Belo Horizonte e Santa Marta. Durante essas viagens, Carlinhos encontra diversos personagens e ouve suas histórias, formando um rico mosaico de narrativas. O autor utiliza esse belo mote para criar páginas e mais páginas de vivências inenarráveis.

Sendo assim, essa obra é uma autoficção muito agradável, revelando de forma verossímil aspectos importantes da formação do povo brasileiro.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

"A Ampulheta e Outras Peças", de W. B. Yeats

Este pequeno volume, publicado pela Editora Peixoto Neto, apresenta três peças do poeta irlandês William Butler Yeats.

"A Ampulheta" trata de forma magistral a respeito da dicotomia entre Ciência e Religião.

"Cathleen Ni Houlihan" traz ao público o contexto histórico (Rebelião Irlandesa de 1798) e muita simbologia.

Por sua vez, "Uma panela de caldo" é uma peça bem engraçada que demonstra o poder da persuasão e da manipulação.

Em resumo, todos os títulos são agradáveis e inteligentes, além de breves e instigantes. Ou seja, a leitura é fácil, rápida, mas, nem por isso, pobre e superficial.

Posso dizer, então, que adorei os textos dramáticos do lírico Yeats.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

"Lua Mentirosa", de Ben Pastor

"Lua Mentirosa” é um romance policial ambientado na Itália fascista, em 1943. Nele, o anti-herói Martin Bora, um oficial nazista, e o detetive italiano Sandro Guidi recebem a missão de investigar a morte de Vittorio Lisi, um político corrupto de Verona. A narrativa é bem conduzida e cativa o leitor. A história, ao longo de suas páginas, é enriquecida por detalhes interessantes do contexto da época. Não é um livro ruim, e não me arrependo de tê-lo concluído. Contudo, achei-o morno e cadenciado demais. Talvez eu só não tenha sabido como curti-lo. 

sábado, 12 de outubro de 2024

"Democracia Tropical: Caderno de um Aprendiz", de Fernando Gabeira

Nesta obra, Fernando Gabeira, um personagem marcante da política e do jornalismo brasileiros, comenta, sob sua óptica perspicaz, a respeito da governança nacional, compreendendo o período que vai dos movimentos pela redemocratização até os anos seguintes após o impeachment de Dilma Rousseff.

O autor constrói essa "narrativa" alternando artigos de opinião que escreveu para alguns dos mais importantes jornais do país e reflexões que registrou em um caderno de anotações, no qual Gabeira rememora o passado, avalia o presente e projeta o futuro.

"Democracia Tropical", portanto, é um livro indicado para aqueles que desejam, assim como seu elaborador, pensar de maneira ponderada a respeito desse carro alegórico desgovernado que se tornou a política brasileira - ou o próprio Brasil.