Nesta grande obra, dividida em temáticas, Voltaire discorre (e propõe reflexões) sobre inúmeros dos diversos assuntos pertinentes ao século XVIII - e ao século XXI, por que não?
O texto do referido "Dicionário Filosófico" é notavelmente moderno e Voltaire soa como um cronista de sua época, registrando no tempo, para que não se perdesse, todo o pensamento, as dúvidas, as certezas e as angústias daquele momento. O autor francês assemelha-se a William Shakespeare, Machado de Assis, dentre outros escritores que produziram livros para sempre, pois mantêm-se relevantes e atuais, uma vez que captaram a essência do ser humano, independente de qualquer determinante que o defina e delimite.
Por isso, "Dicionário Filosófico" é um título bem interessante, com argumentos inteligentes, acessíveis, humanos e sensíveis, funcionando como um instrumento de aprimoramento intelectual, emocional e espiritual do leitor.
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"[...] Aqueles que dizem que há verdades que devem ser escondidas ao povo não podem se pôr em alarme; o povo não lê; trabalha seis dias por semana e, no sétimo, vai à taberna. [...]" (Prefácio - 1769)
"[...] não é a desigualdade que é um mal real, é a dependência. Importa muito pouco que tal homem seja chamado Sua Alteza e outro Sua Santidade; duro, porém, é servir a um ou a outro." (Igualdade)
"Todo homem nasce com forte inclinação para a dominação, a riqueza e os prazeres e com uma acentuada queda para a preguiça [...]" (Igualdade)