sábado, 30 de setembro de 2023

"A felicidade é fácil", de Edney Silvestre

Este livro, do brilhante jornalista Edney Silvestre, é delicioso de ler! Ele apresenta uma história envolvendo sequestros, jogos de interesses, desigualdade social, tendo o fim da Ditadura Militar e o governo Fernando Collor como plano de fundo.

O talento do autor como repórter não permite que nenhum detalhe escape à sua percepção, principalmente quando se trata de retratar o Brasil e os brasileiros da época.

A sua narrativa é muito fidedigna e convidativa, então as páginas deslizam pelo olhar fascinado do leitor.

Surpreendente!

sábado, 16 de setembro de 2023

"A Correspondência de Fradique Mendes", de Eça de Queirós

"A  Correspondência de Fradique Mendes" é um livro muito curioso, a começar pelo seu protagonista, o qual é um personagem criado por Eça de Queirós e seus amigos Jaime Batalha Reis e Antero de Quental. É peculiar, também, em sua estrutura, pois, em sua primeira metade, o narrador trata sobre a suposta história de vida de Fradique Mendes, enquanto, em sua segunda parte, apresenta quase vinte cartas que este teria enviado a personalidades reais e imaginárias. 

A minha correspondência favorita foi a décima quinta, enviada ao Bento, que fundaria um jornal. A argumentação de Eça, aqui, é de arrepiar, como no trecho: "[...] (o jornal) inventa dissensões novas, como esse antissemitismo nascente, que repetirá, antes que o século finde, as anacrônicas e brutas perseguições medievais." Isso em uma obra publicada oficialmente em 1900, ano de falecimento do autor. Vale a pena conferir!

sábado, 2 de setembro de 2023

"Enterrem meu coração na curva do rio", de Dee Brown

Este grande livro narra de forma comovente as enrolações, as enganações, os preconceitos, as batalhas, os massacres e rompimentos de acordo que os brancos cometeram contra os índios da América do Norte.

Observa-se, com extrema tristeza, que nada mudou. O tratamento continua o mesmo, seja na América do Norte ou, aqui, na América do Sul. Os índios continuam sendo vistos com preconceito, como inferiores, como primitivos, como vagabundos; dificilmente são incluídos na sociedade dita civilizada; são parcialmente respeitados quando assumem o estilo de vida dos conquistadores; têm suas terras cobiçadas, negociadas, tomadas; e são enganados, maltratados, usados pelos governantes.

Vê-se que poucos indivíduos e instituições dão valor à vida, à cultura, à história indígena.

Então, "Enterrem meu coração na curva do rio" é um livro triste, necessário e que conta uma realidade ignorada, marginal, que às vezes, invade os centros urbanos para mostrar que existe.