sábado, 22 de fevereiro de 2020

"Música do mundo", de Casimiro de Brito

A antologia poética "Música do mundo", do português Casimiro de Brito, contém poemas que perpassam várias décadas de sua carreira, revelando sensíveis mudanças na escrita desse autor ao longo do tempo - ainda que, em essência, seja perceptível que continua sempre a mesma.

De minha parte, achei a poesia de Casimiro de Brito realmente bela, uma vez que apresenta textos bem bonitos. Mas são poemas seletivos, de difícil compreensão. O poeta escolhe com dedicação as suas palavras, mesmo que não signifiquem nada para a maioria das pessoas. Então os seus lindos versos, super lapidados (apesar de uma distribuição lexical um tanto quanto estranha), até podem alçá-lo a um lugar diferenciado no coração da crítica. Contudo, sinto que esse escritor português não faz questão de se aproximar do público.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

"A ilustre casa de Ramires", de Eça de Queiroz

Desconsiderando a sua agradável narrativa, que trata da vida de Gonçalo Ramires, descendente de uma das principais famílias de Portugal (na ficção), "A ilustre casa de Ramires" traz ao público uma análise - ou amostragem - certeira e atemporal da conduta humana. Isso porque, apesar da história ocorrida no final do século XIX, os jeitos, os comportamentos, as falas dos personagens, tudo é idêntico às atitudes das pessoas do momento no qual estamos vivendo - algo que é bem perceptível nas obras shakespearianas, por exemplo.

Sendo assim, essa característica, somada a alguns diálogos geniais, fazem com que "A ilustre casa de Ramires" tenha se tornado um dos meus títulos favoritos do escritor português Eça de Queiroz. 

domingo, 26 de janeiro de 2020

"Desafio ao poder", de Adam Johnson

Esta enorme obra traz ao leitor um pouco da vida que se leva na Coreia do Norte. Contrapondo  a realidade e as ferramentas de alienação observadas no referido país, Adam Johnson centra a história em um órfão norte-coreano de forma criativa e inteligente.

Muito bem escrito, "Desafio ao poder", livro que agarra o leitor da primeira até a última página, venceu o prêmio Pulitzer em 2013 (de forma merecida, ouso dizer).

domingo, 12 de janeiro de 2020

"Do Olimpo a Camelot: um panorama da mitologia europeia", de David Leeming

Nesta interessantíssima obra, David Leeming faz um apanhado dos mitos europeus, desde as pinturas rupestres até a culminância no cristianismo. O autor identifica nas pinturas rupestres muito mais do que figuras representativas do meio de vida dos seus desenhistas e mostra como o cristianismo (e os seus respectivos personagens) foi influenciado por histórias e crenças anteriores, as quais esmiúça de modo instigante.

Por esses fatores, "Do Olimpo a Camelot" é um livro que pode ser indicado para aqueles que apreciam mitologia, bem como para os leitores que apenas procuram nesse título mais conhecimento e temáticas para reflexão.

domingo, 29 de dezembro de 2019

"As alegres matronas de Windsor", de William Shakespeare

A peça em questão é uma comédia que Shakespeare escreveu a pedido da rainha Elizabeth.

Tratando de temas como os ciúmes, as traições, os jogos de interesses, "As alegres matronas de Windsor" soa moderna, inclusive por propor personagens femininas fortes e cheias de iniciativa.

Muito engraçada, é uma obra curta que merece ser degustada com carinho e atenção.

domingo, 15 de dezembro de 2019

"Onde está Teresa?", de Zibia Gasparetto

"Onde está Teresa?" é uma trama policial que envolve sequestro, tráfico de drogas, traição, acerto de contas e falsidade ideológica.

O livro apresenta uma história cativante, narrada de forma simples e inteligente, de modo a proporcionar ao leitor várias lições de vida, sem deixar de lado a emoção e o suspense.

Sendo este o primeiro título que leio da autora, sem interesse franco no espiritismo, posso afirmar que "Onde está Teresa?" entretém e ensina muito às pessoas, inclusive a respeito da crença espiritual de Zibia, o que permite reflexões produtivas a indivíduos de mente aberta e desprovidos de preconceito religioso.

domingo, 1 de dezembro de 2019

"Dicionário Filosófico", de Voltaire

Nesta grande obra, dividida em temáticas, Voltaire discorre (e propõe reflexões) sobre inúmeros dos diversos assuntos pertinentes ao século XVIII - e ao século XXI, por que não?

O texto do referido "Dicionário Filosófico" é notavelmente moderno e Voltaire soa como um cronista de sua época, registrando no tempo, para que não se perdesse, todo o pensamento, as dúvidas, as certezas e as angústias daquele momento. O autor francês assemelha-se a William Shakespeare, Machado de Assis, dentre outros escritores que produziram livros para sempre, pois mantêm-se relevantes e atuais, uma vez que captaram a essência do ser humano, independente de qualquer determinante que o defina e delimite.

Por isso, "Dicionário Filosófico" é um título bem interessante, com argumentos inteligentes, acessíveis, humanos e sensíveis, funcionando como um instrumento de aprimoramento intelectual, emocional e espiritual do leitor.

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"[...] Aqueles que dizem que há verdades que devem ser escondidas ao povo não podem se pôr em alarme; o povo não lê; trabalha seis dias por semana e, no sétimo, vai à taberna. [...]" (Prefácio - 1769)

"[...] não é a desigualdade que é um mal real, é a dependência. Importa muito pouco que tal homem seja chamado Sua Alteza e outro Sua Santidade; duro, porém, é servir a um ou a outro." (Igualdade)

"Todo homem nasce com forte inclinação para a dominação, a riqueza e os prazeres e com uma acentuada queda para a preguiça [...]" (Igualdade)