sábado, 24 de junho de 2023

"Os trabalhadores do mar", de Victor Hugo

"Os trabalhadores do mar" é um romance que Victor Hugo escreveu em homenagem à ilha de Guernesey, onde ficou exilado por quinze anos.

Traduzido pelo inigualável Machado de Assis, a narrativa é uma delícia para ser lida. Victor Hugo consegue ser agradável, leve e, por outro lado, extremamente crítico.

A obra é centrada nos personagens Gilliat, um jovem rejeitado pela sociedade, Mess Lethierry, um homem apaixonado por Durande, seu barco a vapor, e por Déruchette, sua sobrinha/filha.

O livro tem muito de crítica social, do comportamento humano, mas também é repleto de aventura, assim como "Moby Dick", "O velho e o mar", "A ilha do tesouro", enfim, esses títulos grandiosos.

Para mim, Gilliat é um dos heróis mais fascinantes da Literatura Mundial e "Os trabalhadores do mar" é uma leitura enorme, empolgante e inesgotável, e mostra o ser verdadeiramente humano que era o brilhante Victor Hugo.

sábado, 10 de junho de 2023

"Orgulho e Preconceito", de Jane Austen

Além de ter lido a edição original em Inglês e assistido a duas versões cinematográficas desta obra, estudei-a durante a minha Licenciatura em Letras. Este título, junto de "Razão e Sensibilidade", chamaram muito a minha atenção para a inglesa Jane Austen na época. Desde então, tenho lido esporadicamente um ou outro livro dela.

Nessa toada, li "Persuasão", que até o momento havia se tornado a minha obra favorita de Jane Austen.

Mas, ao reler "Orgulho e Preconceito" no meu bom e velho Português, percebi que esse título é imbatível. Nele, a escritora trabalhou todas as suas qualidades de forma fantástica: a perspicaz análise social, o mergulho nas profundezas dos diferentes caráteres e jeitos de ser das pessoas, o suspense costurando a narrativa, tudo isso regado a relacionamentos deliciosos de se acompanhar.

Adorei, também, a quantidade de correspondências via cartas inseridas pela autora, o que dá um charme e uma peculiaridade típicos da época, já que esta era a principal forma de comunicação interpessoal.

Um livro indispensável!

sábado, 27 de maio de 2023

"Crônicas dos anos da peste & outras histórias", de David Coimbra

Este livro póstumo do saudoso David Coimbra apresenta aos leitores uma seleção das últimas crônicas publicadas por esse genial escritor.

Como consta na abertura do próprio volume: "As crônicas reunidas neste livro foram publicadas no jornal Zero Hora de Porto Alegre entre outubro de 2019 e maio de 2022. Inclui textos escritos no final de sua estadia de seis anos em tratamento de saúde na cidade de Boston, nos Estados Unidos, e as crônicas escritas no retorno ao Brasil, no início de 2020 até maio de 2022."

O título, então, conta com infindáveis textos do David que tratam não só sobre a peste (pandemia de COVID-19), mas também a respeito de temas diversos, mostrando sempre a versatilidade,  a sensibilidade e a perspicácia apresentadas pelo autor.

E, apesar da vontade de adquiri-lo, relutei muito para concluir esse ato, pois não é um livro barato. Mas, depois de realizar a leitura, afirmo que a compra valeu cada centavo, pois este se tornou o meu título de cabeceira, de tanto que gostei.

domingo, 14 de maio de 2023

"Tropeçália", de Jéferson Assumção

"Tropeçália", esta obra bem gaúcha, cujo nome parodia a Tropicália, é a alcunha, também, de uma banda da ficção/realidade. Nela, Jéferson Assumção conta a história desse grupo musical que existe aos tropeços, ou que sobrevive dos tropeços de seus componentes: dos irmãos George e John, bem como do casal Lena e Deco.

E, por meio da trajetória dos quatro e dos seus apoiadores, o autor traz à tona o contexto do país nas últimas décadas e os tropeços impostos ao povo brasileiro - essa tropeçália inconfiável que sobrevive aos (des)estímulos externos da maneira que consegue.

Além disso, Jéferson brinda o público com referências artísticas, principalmente musicais, assim como envolve os leitores do Rio Grande do Sul com alusões à geografia/paisagem urbana (e rural) encontrada no estado, especialmente quando remete a ruas e bairros da região metropolitana.

Portanto, ler o multimídia "Tropeçália" é uma experiência, no mínimo, interessante.

sábado, 29 de abril de 2023

"A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector

"A paixão segundo G.H." não é para qualquer um; é denso, inesgotável. Pura filosofia. Pura poesia.

Clarice mergulha e nos mostra as profundezas do (não) ser. Clarice divaga, tornando-se cada vez mais doida/lúcida.

Clarice trata sobre os aspectos da existência, incluindo, sim, a paixão em todos os seus significados, das novelas mexicanas à de Cristo.

Clarice e sua obra não envelhecem nem se esgotam. Sempre seduzem; sempre provocam.

domingo, 16 de abril de 2023

"Psicose", de Robert Bloch

Baseado livremente na tenebrosa história de Ed Gein, "Psicose" choca o público até hoje e, por isso, tornou-se um dos maiores clássicos da literatura de horror. Mas é óbvio que Robert Bloch não conseguiu isso sozinho. Na época de sua publicação, o livro chegou às mãos do mestre do suspense Alfred Hitchcock que, fascinado pela narrativa, transformou-a no seu filme mais emblemático.

Em "Psicose", Norman Bates, um homem solitário e excêntrico, envolve-se no curioso sumiço de pessoas que passam pelo estabelecimento da família, o Bates Motel. Envolvida no mistério, encontra-se também a mãe de Norman, Norma Bates, supostamente falecida.

O volume em si é fantástico - especialmente esta edição da Darkside. Adorei a obra! Contudo, ela só reafirmou para mim a genialidade de Alfred Hitchcock, porque surpreendentemente o filme é melhor do que o livro. O cineasta aprimora a história e os personagens, como se dissesse a Robert Bloch: "Observe e aprenda".

Sendo assim, ler "Psicose" é uma experiência magnífica. Mas... assistir ao "Psicose" do Hitchcock é uma experiência obrigatória, tamanha a grandeza dessa joia cinematográfica, cuja perfeição ofusca a obra que a inspirou.

sábado, 1 de abril de 2023

"Quinze dias", de Vitor Martins

Ganhei este livro de presente de uma aluna muito especial. É uma bela recordação dela.

Logo de início, identifiquei-me muito com o personagem principal, chamado Felipe, um adolescente gordo e tímido que não possui autoestima e sofre bullying na escola. O autor trata essas questões com tanta sensibilidade que penso que ele deve ter conhecimento de causa, de como é ser um adolescente inseguro, que não encontra lugar no mundo para si mesmo. Ou seja, Felipe é um personagem bem elaborado e importante para vários jovens.

Na história, que se passa durante as férias de julho, Felipe se vê obrigado a conviver com seu vizinho Caio, também adolescente, durante os quinze dias do título.

Enfim, o livro é escrito de maneira agradável e eficiente, analisa a sociedade e a vida moderna de modo sensível, e trata a atração homoafetiva naturalmente e sem preconceitos; preconceitos esses que estão presentes em personagens secundários da obra.