domingo, 29 de dezembro de 2019

"As alegres matronas de Windsor", de William Shakespeare

A peça em questão é uma comédia que Shakespeare escreveu a pedido da rainha Elizabeth.

Tratando de temas como os ciúmes, as traições, os jogos de interesses, "As alegres matronas de Windsor" soa moderna, inclusive por propor personagens femininas fortes e cheias de iniciativa.

Muito engraçada, é uma obra curta que merece ser degustada com carinho e atenção.

domingo, 15 de dezembro de 2019

"Onde está Teresa?", de Zibia Gasparetto

"Onde está Teresa?" é uma trama policial que envolve sequestro, tráfico de drogas, traição, acerto de contas e falsidade ideológica.

O livro apresenta uma história cativante, narrada de forma simples e inteligente, de modo a proporcionar ao leitor várias lições de vida, sem deixar de lado a emoção e o suspense.

Sendo este o primeiro título que leio da autora, sem interesse franco no espiritismo, posso afirmar que "Onde está Teresa?" entretém e ensina muito às pessoas, inclusive a respeito da crença espiritual de Zibia, o que permite reflexões produtivas a indivíduos de mente aberta e desprovidos de preconceito religioso.

domingo, 1 de dezembro de 2019

"Dicionário Filosófico", de Voltaire

Nesta grande obra, dividida em temáticas, Voltaire discorre (e propõe reflexões) sobre inúmeros dos diversos assuntos pertinentes ao século XVIII - e ao século XXI, por que não?

O texto do referido "Dicionário Filosófico" é notavelmente moderno e Voltaire soa como um cronista de sua época, registrando no tempo, para que não se perdesse, todo o pensamento, as dúvidas, as certezas e as angústias daquele momento. O autor francês assemelha-se a William Shakespeare, Machado de Assis, dentre outros escritores que produziram livros para sempre, pois mantêm-se relevantes e atuais, uma vez que captaram a essência do ser humano, independente de qualquer determinante que o defina e delimite.

Por isso, "Dicionário Filosófico" é um título bem interessante, com argumentos inteligentes, acessíveis, humanos e sensíveis, funcionando como um instrumento de aprimoramento intelectual, emocional e espiritual do leitor.

***

"[...] Aqueles que dizem que há verdades que devem ser escondidas ao povo não podem se pôr em alarme; o povo não lê; trabalha seis dias por semana e, no sétimo, vai à taberna. [...]" (Prefácio - 1769)

"[...] não é a desigualdade que é um mal real, é a dependência. Importa muito pouco que tal homem seja chamado Sua Alteza e outro Sua Santidade; duro, porém, é servir a um ou a outro." (Igualdade)

"Todo homem nasce com forte inclinação para a dominação, a riqueza e os prazeres e com uma acentuada queda para a preguiça [...]" (Igualdade)

domingo, 17 de novembro de 2019

"O homem de lata", de Sarah Winman

"O homem de lata" é um livro que não conseguiu me cativar. Talvez por não ter ido ao encontro das minhas expectativas. Pelo contrário, foi muito de encontro àquilo que esperava dele!

A autora cita grandes artistas e localidades europeias para tornar a narrativa mais charmosa. Inclusive utilizou o recurso de elaborar um estilo que vai e vem no tempo (o que dá um nó na cabeça de um leitor mais desatento). Tudo isso embalado por um tom melancólico, saudosista.

Posso afirmar que a obra possui personagens que dizem, dizem, dizem, sem dizer realmente nada. É uma história solta no tempo, envolvendo o verdadeiro amor, a verdadeira amizade, a verdadeira contemplação, além de dramas, alegrias, escolhas, obrigações, preconceito, aceitação, perdas e ganhos.

Observando os temas que foram acima mencionados, até parece um título interessante. Porém, sinto que a escritora pretendia bem mais do que obteve.

domingo, 3 de novembro de 2019

"Da mente ao impulso", de Kurpag M.

- Título: “Da mente ao impulso”
- Autor: Kurpag M.
- Editora: Deviant (RS)
- Ano de lançamento: 2017
- Nº. de páginas: 207


A obra “Da mente ao impulso”, elaborada pelo misterioso escritor Kurpag, contém quarenta e seis contos de horror. Dentre eles, destaco: “Ceia natalina”; o brilhante “Narrativa à queima-roupa”; “Carta amassada”; “Paixão, conquista e desilusão”; “Unificação gêmea”; o sensível e belo “Lágrima na capela”; o filosófico “O coveiro idealista”; “Justiça”; e o genial “Casa própria”.

Em todos os títulos, o autor narra atos brutais como se estivesse contando acontecimentos triviais, transformando a pressão exercida sobre cada um e o estilo de vida da humanidade em monstros a serem temidos. No universo de Kurpag, toda e qualquer pessoa é capaz de cometer atrocidades, dependendo de seus estados mental e emocional.

“Da mente ao impulso” revela personagens com doses cavalares de frustração. Sendo assim, aos poucos, a mente prega peças nesses indivíduos, levando-os a uma realidade paralela. E é aí que surge o horror proposto no livro.

A linguagem das histórias é bastante poética, o que permite que a narrativa se dirija a locais inimagináveis, tal qual a mente em funcionamento. Além disso, proporciona ao leitor múltiplas interpretações, tanto em relação a fatos quanto a intencionalidades. Pode-se perceber, ainda, que os textos são cuidadosamente lapidados, de modo a torná-los preciosos e limpos.

A narrativa ocorre em terceira pessoa, mas representa o ponto de vista dos personagens que cometem as atitudes horríveis, como se Kurpag estivesse esmiuçando tudo o que se passa no íntimo das suas figuras dramáticas.

Contudo, penso que, na verdade, esses quase cinquenta contos não são de terror, tendo em vista que não têm nada de amedrontador. Eles são sim asquerosos, pois retratam as facetas mais repugnantes que o ser humano pode demonstrar. São plenamente extremistas, de modo a jogar na cara do leitor aquilo que ele realmente é. Não são construídos para induzir ninguém a virar psicopata, mas sim para tornar as pessoas menos animalescas, menos instintivas, menos bestiais. Para mim, são psicológicos, porque apresentam personagens comuns, que estão logo ali, no cotidiano, e que, após uma soma de fatores, despertam seus monstros interiores.

Enfim, por todos esses aspectos, afirmo que Kurpag merece sincero reconhecimento enquanto autor. E peço que se leia “Da mente ao impulso”, sua primeira publicação, sem vestígios de preconceito e de julgamentos superficiais, assim obtendo, com certeza, uma experiência transformadora.


* Trechos de “Insatisfação Mortal”, um posfácio:

“A anulação da busca pelo caminho real da essência da vida faz com que cada pessoa tenda a devirtuar sua existência e a regrá-la dentro de um conjunto de normas estabelecidas por uma sociedade perdida. A sociedade que nunca se encontrou não possui justificativa para si mesma e engole qualquer resquício de sanidade, justamente por sua própria insatisfação coletiva. [...]” (p. 205)

“[...] O que chamam de viver poderia ser denominado, no máximo, sobreviver. Uma sobrevivência baseada na ilusão. A negação sobre uma sobrevivência insatisfeita.” (p. 206)

domingo, 20 de outubro de 2019

"Emma", de Jane Austen

- Título: “Emma”
- Autora: Jane Austen
- Editora: Lafonte (SP)
- Ano de lançamento: 2018
- Nº. de páginas: 478


Lançado originalmente em 1815, “Emma” foi o último romance publicado em vida por Jane Austen. A obra tem por foco a personagem-título, uma jovem da aristocracia rural que, sem muitas atividades além da tarefa diária de acompanhar o pai já idoso, formula casais dentre as pessoas pertencentes ao seu meio social. Esse “divertimento” nem sempre dá certo, o que coloca Emma em situações constrangedoras e mexe com os sentimentos das moças e dos rapazes envolvidos na confusão.

O livro apresenta a perspicaz e admirável análise social elaborada por Jane Austen. Retrata, também, as diferenças sociais entre as pessoas, revelando as variações de importância entre indivíduos e famílias.

Há, ainda, características recorrentes a personagens existentes em outros títulos pertencentes à bibliografia da autora, tal qual o Sr. Knightley, cujo bom senso representa a razão no decorrer da narrativa e, creio eu, a voz de Jane Austen.

Para mim, é um livro excelente, pois reúne elementos de análise comportamental, de romance histórico, de suspense e de reviravoltas, condições que valorizam muito um texto. Outrossim, a construção de personagens verossímeis e carismáticos mantém o bom andamento da história.

Por tudo isso, “Emma” é recomendado para aqueles que gostam de boas leituras românticas, com envolventes figuras dramáticas, com os quais há várias passagens em que se esmiúça os seus estados psíquico e emocional, sem falar do exame da conduta destes, o que constitui, inclusive, o estudo do funcionamento da sociedade em que a autora se encontrava inserida.


- Jane Austen (1775-1817), nascida em Hampshire, na Inglaterra, começou a escrever muito jovem e, hoje, é considerada uma das principais romancistas inglesas. “Orgulho e Preconceito”, “Razão e Sensibilidade”, “A Abadia de Northanger”, “Emma” e “Persuasão” são alguns de seus principais livros.

domingo, 6 de outubro de 2019

"O Mágico de Oz", de Lyman Frank Baum

Fiquei muito curioso quando me deparei com essa edição com o texto integral de "O Mágico de Oz" em uma livraria, pois a riqueza dos originais perante as adaptações é imensurável, tanto pela quantidade de detalhes que se pode analisar quanto pelas mensagens subentendidas ao longo da narrativa.

E Frank Baum reforça aquilo que sempre pensei: quando se escreve para crianças, na realidade, escreve-se, talvez inconscientemente, para adultos (tendo em vista que não se quer que os futuros adultos cometam os mesmos erros ou se frustrem tanto como os atuais adultos). Nesse sentido, são fantásticas as colocações que o autor faz a respeito da ausência/presença de razão e de sensibilidade nas pessoas. Também, salienta a mensagem de que todos têm algo de especial e são capazes. E, posteriormente, de maneira sutil, desenvolve as seguintes ideias: mesmo que se tenha cérebro, é preciso saber como usá-lo; todos têm medo diante do perigo, portanto a coragem existe nas ocasiões em que se enfrenta esse medo; bem como, o coração só deixa os indivíduos infelizes. O que permite reflexões produtivas a um leitor mais atento.

Enfim, "O Mágico de Oz" é uma obra inesgotável e fundamental, pois, além de fazer parte do imaginário de todos aqueles que têm pelo menos um pouquinho de cultura, sempre tem muito a acrescentar aos leitores de qualquer faixa etária.