domingo, 26 de janeiro de 2020

"Desafio ao poder", de Adam Johnson

Esta enorme obra traz ao leitor um pouco da vida que se leva na Coreia do Norte. Contrapondo  a realidade e as ferramentas de alienação observadas no referido país, Adam Johnson centra a história em um órfão norte-coreano de forma criativa e inteligente.

Muito bem escrito, "Desafio ao poder", livro que agarra o leitor da primeira até a última página, venceu o prêmio Pulitzer em 2013 (de forma merecida, ouso dizer).

domingo, 12 de janeiro de 2020

"Do Olimpo a Camelot: um panorama da mitologia europeia", de David Leeming

Nesta interessantíssima obra, David Leeming faz um apanhado dos mitos europeus, desde as pinturas rupestres até a culminância no cristianismo. O autor identifica nas pinturas rupestres muito mais do que figuras representativas do meio de vida dos seus desenhistas e mostra como o cristianismo (e os seus respectivos personagens) foi influenciado por histórias e crenças anteriores, as quais esmiúça de modo instigante.

Por esses fatores, "Do Olimpo a Camelot" é um livro que pode ser indicado para aqueles que apreciam mitologia, bem como para os leitores que apenas procuram nesse título mais conhecimento e temáticas para reflexão.

domingo, 29 de dezembro de 2019

"As alegres matronas de Windsor", de William Shakespeare

A peça em questão é uma comédia que Shakespeare escreveu a pedido da rainha Elizabeth.

Tratando de temas como os ciúmes, as traições, os jogos de interesses, "As alegres matronas de Windsor" soa moderna, inclusive por propor personagens femininas fortes e cheias de iniciativa.

Muito engraçada, é uma obra curta que merece ser degustada com carinho e atenção.

domingo, 15 de dezembro de 2019

"Onde está Teresa?", de Zibia Gasparetto

"Onde está Teresa?" é uma trama policial que envolve sequestro, tráfico de drogas, traição, acerto de contas e falsidade ideológica.

O livro apresenta uma história cativante, narrada de forma simples e inteligente, de modo a proporcionar ao leitor várias lições de vida, sem deixar de lado a emoção e o suspense.

Sendo este o primeiro título que leio da autora, sem interesse franco no espiritismo, posso afirmar que "Onde está Teresa?" entretém e ensina muito às pessoas, inclusive a respeito da crença espiritual de Zibia, o que permite reflexões produtivas a indivíduos de mente aberta e desprovidos de preconceito religioso.

domingo, 1 de dezembro de 2019

"Dicionário Filosófico", de Voltaire

Nesta grande obra, dividida em temáticas, Voltaire discorre (e propõe reflexões) sobre inúmeros dos diversos assuntos pertinentes ao século XVIII - e ao século XXI, por que não?

O texto do referido "Dicionário Filosófico" é notavelmente moderno e Voltaire soa como um cronista de sua época, registrando no tempo, para que não se perdesse, todo o pensamento, as dúvidas, as certezas e as angústias daquele momento. O autor francês assemelha-se a William Shakespeare, Machado de Assis, dentre outros escritores que produziram livros para sempre, pois mantêm-se relevantes e atuais, uma vez que captaram a essência do ser humano, independente de qualquer determinante que o defina e delimite.

Por isso, "Dicionário Filosófico" é um título bem interessante, com argumentos inteligentes, acessíveis, humanos e sensíveis, funcionando como um instrumento de aprimoramento intelectual, emocional e espiritual do leitor.

***

"[...] Aqueles que dizem que há verdades que devem ser escondidas ao povo não podem se pôr em alarme; o povo não lê; trabalha seis dias por semana e, no sétimo, vai à taberna. [...]" (Prefácio - 1769)

"[...] não é a desigualdade que é um mal real, é a dependência. Importa muito pouco que tal homem seja chamado Sua Alteza e outro Sua Santidade; duro, porém, é servir a um ou a outro." (Igualdade)

"Todo homem nasce com forte inclinação para a dominação, a riqueza e os prazeres e com uma acentuada queda para a preguiça [...]" (Igualdade)

domingo, 17 de novembro de 2019

"O homem de lata", de Sarah Winman

"O homem de lata" é um livro que não conseguiu me cativar. Talvez por não ter ido ao encontro das minhas expectativas. Pelo contrário, foi muito de encontro àquilo que esperava dele!

A autora cita grandes artistas e localidades europeias para tornar a narrativa mais charmosa. Inclusive utilizou o recurso de elaborar um estilo que vai e vem no tempo (o que dá um nó na cabeça de um leitor mais desatento). Tudo isso embalado por um tom melancólico, saudosista.

Posso afirmar que a obra possui personagens que dizem, dizem, dizem, sem dizer realmente nada. É uma história solta no tempo, envolvendo o verdadeiro amor, a verdadeira amizade, a verdadeira contemplação, além de dramas, alegrias, escolhas, obrigações, preconceito, aceitação, perdas e ganhos.

Observando os temas que foram acima mencionados, até parece um título interessante. Porém, sinto que a escritora pretendia bem mais do que obteve.

domingo, 3 de novembro de 2019

"Da mente ao impulso", de Kurpag M.

- Título: “Da mente ao impulso”
- Autor: Kurpag M.
- Editora: Deviant (RS)
- Ano de lançamento: 2017
- Nº. de páginas: 207


A obra “Da mente ao impulso”, elaborada pelo misterioso escritor Kurpag, contém quarenta e seis contos de horror. Dentre eles, destaco: “Ceia natalina”; o brilhante “Narrativa à queima-roupa”; “Carta amassada”; “Paixão, conquista e desilusão”; “Unificação gêmea”; o sensível e belo “Lágrima na capela”; o filosófico “O coveiro idealista”; “Justiça”; e o genial “Casa própria”.

Em todos os títulos, o autor narra atos brutais como se estivesse contando acontecimentos triviais, transformando a pressão exercida sobre cada um e o estilo de vida da humanidade em monstros a serem temidos. No universo de Kurpag, toda e qualquer pessoa é capaz de cometer atrocidades, dependendo de seus estados mental e emocional.

“Da mente ao impulso” revela personagens com doses cavalares de frustração. Sendo assim, aos poucos, a mente prega peças nesses indivíduos, levando-os a uma realidade paralela. E é aí que surge o horror proposto no livro.

A linguagem das histórias é bastante poética, o que permite que a narrativa se dirija a locais inimagináveis, tal qual a mente em funcionamento. Além disso, proporciona ao leitor múltiplas interpretações, tanto em relação a fatos quanto a intencionalidades. Pode-se perceber, ainda, que os textos são cuidadosamente lapidados, de modo a torná-los preciosos e limpos.

A narrativa ocorre em terceira pessoa, mas representa o ponto de vista dos personagens que cometem as atitudes horríveis, como se Kurpag estivesse esmiuçando tudo o que se passa no íntimo das suas figuras dramáticas.

Contudo, penso que, na verdade, esses quase cinquenta contos não são de terror, tendo em vista que não têm nada de amedrontador. Eles são sim asquerosos, pois retratam as facetas mais repugnantes que o ser humano pode demonstrar. São plenamente extremistas, de modo a jogar na cara do leitor aquilo que ele realmente é. Não são construídos para induzir ninguém a virar psicopata, mas sim para tornar as pessoas menos animalescas, menos instintivas, menos bestiais. Para mim, são psicológicos, porque apresentam personagens comuns, que estão logo ali, no cotidiano, e que, após uma soma de fatores, despertam seus monstros interiores.

Enfim, por todos esses aspectos, afirmo que Kurpag merece sincero reconhecimento enquanto autor. E peço que se leia “Da mente ao impulso”, sua primeira publicação, sem vestígios de preconceito e de julgamentos superficiais, assim obtendo, com certeza, uma experiência transformadora.


* Trechos de “Insatisfação Mortal”, um posfácio:

“A anulação da busca pelo caminho real da essência da vida faz com que cada pessoa tenda a devirtuar sua existência e a regrá-la dentro de um conjunto de normas estabelecidas por uma sociedade perdida. A sociedade que nunca se encontrou não possui justificativa para si mesma e engole qualquer resquício de sanidade, justamente por sua própria insatisfação coletiva. [...]” (p. 205)

“[...] O que chamam de viver poderia ser denominado, no máximo, sobreviver. Uma sobrevivência baseada na ilusão. A negação sobre uma sobrevivência insatisfeita.” (p. 206)