sábado, 1 de outubro de 2022

"O mundo perdido", de Arthur Conan Doyle

"O mundo perdido", marcante obra de aventura e ficção científica, é digna de Arthur Conan Doyle. A narrativa apresenta-se moderna, vibrante e precisa. O autor, ao longo do texto, pondera bem cada asserção e tem sacadas formidáveis. E, apesar de toda a fantasia da suposta existência de um platô em meio à Amazônia, contendo espécimes pré-históricas, surpreendeu-me demais o conhecimento de Conan Doyle a respeito do Brasil, de sua geografia, dos nomes possíveis que deu aos personagens, e a percepção do funcionamento do país em seus diversos aspectos.

Sendo assim, "O mundo perdido" pode ser considerado um livro, no mínimo, impressionante. E, tendo lido o livro por conta do filme homônimo de 1925, considero que, sendo ambas obras de extrema relevância, a literária traz bem mais experiências ao leitor do que a cinematográfica, a qual, levando-se em conta a época em que foi produzida, é incrível e inovadora até hoje.

sábado, 17 de setembro de 2022

"Uns papéis que voam", de Flávio José Cardozo

"Uns papéis que voam", do catarinense Flávio José Cardozo, contém cinquenta e oito crônicas e contos, incluindo o texto que empresta seu título ao livro, e revela a versatilidade desse premiado escritor. O autor versa a respeito de todo e qualquer assunto, numa toada característica da boa e velha crônica brasileira.

Os textos são criativos e irreverentes, mas, por vezes, antigos/antiquados, tendo em vista que vários deles traduzem uma linha de pensamento que não nos cabe mais, apresentando algumas formas de preconceito, o que, considerando a época de sua produção, é um aspecto condenável porém compreensível.

Portanto, em termos gerais, é um livro que surpreende e deleita o leitor, além de fazê-lo pensar.

sábado, 3 de setembro de 2022

"Papai punk: sem regras, só a vida real", de Jim Lindberg

Comprei este livro simplesmente por ter sido escrito por Jim Lindberg, vocalista da banda norte-americana Pennywise, cujas músicas gosto demais desde criança. E foi uma surpresa muito boa. 

No que concerne ao "papai", é realmente interessante ler sobre o que ele pensa a respeito da paternidade e da educação dos filhos. E, em relação ao "punk", há bastante material propondo reflexões super pertinentes a qualquer pessoa minimamente culta, isso sem contar com a identificação que certamente tive.

sábado, 20 de agosto de 2022

"Ultraje a Rigor: Nós vamos invadir sua praia", de Andréa Ascenção

Muito interessante esta biografia sobre a genial banda brasileira Ultraje a Rigor. Nela, Andréa Ascenção conta a história de cada integrante do grupo, esmiuçando cada formação e o sentimento desses personagens na época; discorre a respeito do contexto do rock a cada período pelo qual o conjunto passou, trazendo preciosidades como uma narração sobre o surgimento do punk no Brasil e fora dele, dentre os sons e movimentos que influenciaram o Ultraje; descreve descompromissadamente (ou naturalmente) o cenário social, político e cultural de cada época; e traz depoimentos reveladores e enriquecedores dos componentes da banda e de outros músicos. Enfim, a obra pormenoriza o Ultraje a Rigor sob todos os aspectos.

Além disso, este belo volume contém diversas fotografias, mostrando os vários períodos da banda e as capas dos discos, bem como as letras das músicas.

Por isso, é um livro agradável a todos que simpatizam com esse grupo, com o rock de modo geral, ou para aqueles que se interessam pela música no Brasil.

sábado, 6 de agosto de 2022

"Misery: louca obsessão", de Stephen King

Assisti ao filme "Louca obsessão" quando ainda era uma criança pequena. Lembro dele até hoje, daquele suspense marcante, com brilhantes atuações de Kathy Bates (que aprendi a admirar desde aquele momento) e do James Caan.

Então, assim que vi a oportunidade de conseguir este livro para ler, fiquei empolgadíssimo. 

A minha surpresa foi que o livro faz o inesquecível filme de outrora parecer fraco e superficial. A obra escrita, enfim, é genial. Ao narrar a história de um escritor que sofre um acidente automobilístico e é resgatado por uma fã nem tão agradável assim, Stephen King cria personagens verossímeis e adoráveis, uma situação muito instigante, bem como uma analogia feita de forma notavelmente perspicaz: o público tem o escritor na mão por conta do esforço deste em agradá-lo; o público poda o escritor, pois sua ignorância força o artista a produzir obras mais comerciais e menos densas do que poderia para, dessa forma, poder sobreviver da arte/cultura.

E, se não bastasse isso, dos títulos que li desse autor, considero o mais bem escrito. Percebe-se facilmente a intenção de Stephen King em dar um recado, em mostrar o que deveras sente.

domingo, 24 de julho de 2022

"Uólace e João Victor", de Rosa Amanda Strausz

Esta verdadeira obra de arte de Rosa Amanda Strausz compara a existência de dois meninos cariocas: Uólace, extremamente pobre, e João Victor, um garoto de classe média.

Partindo de suas diferenças sociais, aos poucos os leitores (e, mais ao fim, os protagonistas) vão percebendo as semelhanças entre ambos: os dois vivem só com a mãe, têm dois amigos principais, possuem preconceitos, desejam as mesmas coisas, etc.

A estrutura do livro é brilhantemente planejada. Cada capítulo é repetido (dois capítulos 1, dois capítulos 2...), mostrando a realidade de cada um dos guris, normalmente relacionada a um mesmo aspecto.

Portanto, "Uólace e João Victor" é um título para ser eternamente lembrado em nossa literatura nacional, pois é realista, humano e pensado em cada pormenor.

sábado, 9 de julho de 2022

"A mãe perfeita", de Aimee Molloy

O livro em questão foca sua narrativa em um grupo de mães de primeira viagem. A tensão acontece quando uma delas tem o seu bebê raptado.

Por ser uma obra de suspense, a leitura é um pouco truncada demais. E o relato dos "dramas da maternidade moderna" enjoam os leitores que não têm tanto interesse no assunto. Além disso, às vezes a história é tão real que foge do tom vibrante do mistério.

Contudo, Aimee Molloy vai dando pistas falsas no decorrer das páginas, o que vai confundindo e aguçando o público. Isso porque a maior parte da investigação que surge no texto é feita pelas mamães do grupo, de forma amadora e desconexa, portanto.

Ainda, pode-se dizer que o epílogo de "A mãe perfeita" dá um nó cego no leitor, o que provoca, inclusive, uma espécie de euforia para devorar cada letra restante no volume.

Sendo assim, com seus altos e baixos, é um título que vale a pena.