sábado, 4 de fevereiro de 2023

"A intrusa", de Júlia Lopes de Almeida

Antes de realizar a leitura deste livro, não conhecia nada sobre Júlia Lopes de Almeida, escritora brasileira da transição do século XIX para o XX, e sua obra.

Confesso que "A intrusa" me surpreendeu. A história se passa num ritmo similar ao que Machado de Assis empregava em seus escritos e é quase uma crônica da vida carioca na época, pois a autora nos permite viajar para o contexto vivido nas linhas que traçou.

O texto é, por vezes, realista; por outras ocasiões, romântico. Alguns personagens são adoráveis; outros, detestáveis. Júlia, assim como retrata o pensamento da época, dá sinais de estar à frente do seu tempo.

Aqui, Lopes de Almeida discorre a respeito de um viúvo que, a pretexto de melhor organizar sua atribulada vida, contrata uma misteriosa governanta, com a condição de jamais vê-la - para que não corresse o risco de quebrar o juramento feito à sua finada esposa: nunca mais apaixonar-se; nunca mais casar-se.

Verdadeiramente, um título cativante e delicioso de ser lido.

domingo, 22 de janeiro de 2023

"O Jardim Secreto", de Frances Hodgson Burnett

"O Jardim Secreto" é uma celebração à vida, à natureza, à infância, à primavera que sempre surge depois do inverno. É, também, um louvor à sabedoria - dos livros e das experiências de vida.

Frances Hodgson Burnett narra nas páginas de sua obra as transformações de alguns personagens, sendo a principal a da menina Mary Lennox, que mora na Índia com os seus indiferentes e abastados pais, até que, após tornar-se órfã, precisa mudar-se para Yorkshire, na Inglaterra, para residir na triste e abandonada mansão de seu desconhecido tio Archibald Craven.

A obra traz muita poesia e muitas reflexões implícitas, e é daqueles bons títulos infantis que divertem as crianças e ensinam os adultos. Enfim, um livro que merece a fama que tem.

sábado, 7 de janeiro de 2023

"Cris, a fera & outras mulheres de arrepiar", de David Coimbra

Este volume contém sete contos publicados anteriormente em formato de folhetim, nos sites da L&PM Editores e do clicRBS, entre os anos de 2006 e 2007.

"Bandeira 2" fala sobre as aventuras vividas pelo taxista Fred, envolvendo uma morena estonteante, uma vizinha apaixonante e um cadáver no porta-malas do carro.

"Horror na cidade grande" trata a respeito das desventuras que um inocente pai de família, morador de Cachoeira do Sul, passa em Porto Alegre, quando cai em todas as armadilhas possíveis.

"Cris, a fera" apresenta ao leitor uma mulher extremamente poderosa, que faz exatamente o que quer com os homens.

"Tentação" traz ao público uma história de traição, corrupção e reencontros.

"A ninfeta" descreve a cruel dissimulação presente nas ações da adolescente Suzi, que usa os seus encantos para enlouquecer um advogado.

"A devoradora de homens" fala sobre Milena, uma mulher insaciável, capaz de destruir famílias.

E "A mulher que trai" trata a respeito da vingança de Dani, uma esposa traída que devolve os chifres ao seu marido em diversos pratos quentíssimos.

Os contos, de maneira geral, são engraçadíssimos, sensuais e deliciosamente narrados, abordando o poder de mulheres fortes, impecáveis e pecadoras, um dos assuntos favoritos do finado e brilhante escritor David Coimbra.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

"Goldfinger", de Ian Fleming

Nesta famosa missão do agente 007 do MI6, o serviço secreto britânico, James Bond enfrenta o homem mais rico da Inglaterra, Auric Goldfinger, um excêntrico gênio do crime com o toque de Midas.

A narrativa tem um ritmo cadenciado, estudado, perfeito para o jogo de gato e rato praticado pelas duas mentes brilhantes. Cada linha envolve mais o leitor na história e o apresenta a personagens memoráveis, como o capanga coreano Oddjob, as irmãs Masterton e a estonteante líder de uma gangue de criminosas lésbicas, Pussy Galore.

Apenas é lamentável, atualmente, ler uma obra valiosa dessas e se deparar com preconceitos de raça, de gênero e de nacionalidade, o que não percebi em outros livros que li do autor.

Portanto, "Goldfinger" nos diz muito a respeito dos preceitos e preconceitos da sociedade ocidental, assim como proporciona aos seus leitores uma leitura de qualidade inigualável.

sábado, 10 de dezembro de 2022

"Ricardo III", de William Shakespeare

Interessante ler este livro em ano eleitoral, como neste 2022! Nesta peça, Shakespeare insere tudo aquilo que o homem é capaz de realizar em troca de poder, incluindo os jogos de interesses e as manipulações.

E o dramaturgo inglês conta esse recorte horrendo da História por meio de muita poesia e de diálogos inteligentes e inspiradores.

Simplesmente maravilhoso!

sábado, 26 de novembro de 2022

"A cantada infalível" seguido de "A mulher do centroavante e outras histórias", de David Coimbra

Este volume, publicado pela editora L&PM, contém duas obras de contos e crônicas de David Coimbra: "A cantada infalível" e "A mulher do centroavante e outras histórias". Ambas, publicadas logo no início do século XXI, são compostas por textos típicos do David naquele período, muito característicos por sempre apresentarem contextos ligados a futebol e mulheres, todos regados com doses cavalares de criatividade e humor.

Particularmente, recomendo: "O estranho", "Camisa 1", "Lucinha dos livros", "A cantada infalível" e "O corpo" (do primeiro livro); "A sogra do Haroldinho", "A gordinha da padaria", "A mulher do gerente", "A deitadinha no ombro", "A corujinha", "O mito" e "O apostador" (do segundo livro).

Uma obra brilhante e muito divertida!

sábado, 12 de novembro de 2022

"Quem sabe um dia", de Lauren Graham

"Quem sabe um dia", escrito pela talentosíssima Lauren Graham, narra a história de uma garota, Franny Banks, que deseja ser atriz (como a autora da obra, aliás). Para isso, estabelece um prazo máximo em sua vida: se até tal conseguisse engrenar uma carreira segura na área, prosseguiria com a realização do seu sonho; do contrário, retornaria para a sua cidade de origem e se tornaria professora, como o pai.

Ambientada na década de 90, a obra apresenta-se dinâmica, engraçada e inteligente, características demonstradas pela autora em seus trabalhos como intérprete.

Uma baita dica de leitura, leve e interessante, na qual, sutilmente, Lauren Graham sugere que há pouco espaço no sucesso para a verdadeira arte.