sábado, 20 de agosto de 2022

"Ultraje a Rigor: Nós vamos invadir sua praia", de Andréa Ascenção

Muito interessante esta biografia sobre a genial banda brasileira Ultraje a Rigor. Nela, Andréa Ascenção conta a história de cada integrante do grupo, esmiuçando cada formação e o sentimento desses personagens na época; discorre a respeito do contexto do rock a cada período pelo qual o conjunto passou, trazendo preciosidades como uma narração sobre o surgimento do punk no Brasil e fora dele, dentre os sons e movimentos que influenciaram o Ultraje; descreve descompromissadamente (ou naturalmente) o cenário social, político e cultural de cada época; e traz depoimentos reveladores e enriquecedores dos componentes da banda e de outros músicos. Enfim, a obra pormenoriza o Ultraje a Rigor sob todos os aspectos.

Além disso, este belo volume contém diversas fotografias, mostrando os vários períodos da banda e as capas dos discos, bem como as letras das músicas.

Por isso, é um livro agradável a todos que simpatizam com esse grupo, com o rock de modo geral, ou para aqueles que se interessam pela música no Brasil.

sábado, 6 de agosto de 2022

"Misery: louca obsessão", de Stephen King

Assisti ao filme "Louca obsessão" quando ainda era uma criança pequena. Lembro dele até hoje, daquele suspense marcante, com brilhantes atuações de Kathy Bates (que aprendi a admirar desde aquele momento) e do James Caan.

Então, assim que vi a oportunidade de conseguir este livro para ler, fiquei empolgadíssimo. 

A minha surpresa foi que o livro faz o inesquecível filme de outrora parecer fraco e superficial. A obra escrita, enfim, é genial. Ao narrar a história de um escritor que sofre um acidente automobilístico e é resgatado por uma fã nem tão agradável assim, Stephen King cria personagens verossímeis e adoráveis, uma situação muito instigante, bem como uma analogia feita de forma notavelmente perspicaz: o público tem o escritor na mão por conta do esforço deste em agradá-lo; o público poda o escritor, pois sua ignorância força o artista a produzir obras mais comerciais e menos densas do que poderia para, dessa forma, poder sobreviver da arte/cultura.

E, se não bastasse isso, dos títulos que li desse autor, considero o mais bem escrito. Percebe-se facilmente a intenção de Stephen King em dar um recado, em mostrar o que deveras sente.

domingo, 24 de julho de 2022

"Uólace e João Victor", de Rosa Amanda Strausz

Esta verdadeira obra de arte de Rosa Amanda Strausz compara a existência de dois meninos cariocas: Uólace, extremamente pobre, e João Victor, um garoto de classe média.

Partindo de suas diferenças sociais, aos poucos os leitores (e, mais ao fim, os protagonistas) vão percebendo as semelhanças entre ambos: os dois vivem só com a mãe, têm dois amigos principais, possuem preconceitos, desejam as mesmas coisas, etc.

A estrutura do livro é brilhantemente planejada. Cada capítulo é repetido (dois capítulos 1, dois capítulos 2...), mostrando a realidade de cada um dos guris, normalmente relacionada a um mesmo aspecto.

Portanto, "Uólace e João Victor" é um título para ser eternamente lembrado em nossa literatura nacional, pois é realista, humano e pensado em cada pormenor.

sábado, 9 de julho de 2022

"A mãe perfeita", de Aimee Molloy

O livro em questão foca sua narrativa em um grupo de mães de primeira viagem. A tensão acontece quando uma delas tem o seu bebê raptado.

Por ser uma obra de suspense, a leitura é um pouco truncada demais. E o relato dos "dramas da maternidade moderna" enjoam os leitores que não têm tanto interesse no assunto. Além disso, às vezes a história é tão real que foge do tom vibrante do mistério.

Contudo, Aimee Molloy vai dando pistas falsas no decorrer das páginas, o que vai confundindo e aguçando o público. Isso porque a maior parte da investigação que surge no texto é feita pelas mamães do grupo, de forma amadora e desconexa, portanto.

Ainda, pode-se dizer que o epílogo de "A mãe perfeita" dá um nó cego no leitor, o que provoca, inclusive, uma espécie de euforia para devorar cada letra restante no volume.

Sendo assim, com seus altos e baixos, é um título que vale a pena.

sábado, 25 de junho de 2022

"A mulher na janela", de A. J. Finn

"A mulher na janela" é um dos livros mais empolgantes que já li. Ao mesmo tempo que lembra grandes clássicos, como "O que terá acontecido a Baby Jane?", de Henry Farrell, é uma obra moderna e de qualidade.

A personagem principal, que também narra a história, é uma pessoa culta, problemática e bem interessante. E Finn usa a agorafobia que planejou para a sua personagem Anna Fox como um meio de criar mais suspense.

O autor ainda enriquece o texto com referências a elogiáveis filmes antigos, o que dá muito sabor, graça e clima ao livro.

É um título realmente delicioso, que suga o leitor a cada página lida.

sábado, 11 de junho de 2022

"Silvio Santos: a biografia", de Marcia Batista e Anna Medeiros

Esta biografia conta a história do próprio Silvio Santos, como também do Grupo Silvio Santos e, mais detidamente, do SBT e seus personagens.

A leitura é uma delícia e soa como aquelas indescritíveis narrativas que o lendário Lombardi fazia a respeito dos participantes dos programas do Silvio.

Após a última página, pode-se dizer que a história dessa pessoa fantástica mistura-se demais com a história do Brasil, da comunicação brasileira e dos fatos mais marcantes do século XX.

sábado, 28 de maio de 2022

"Maysa: só numa multidão de amores", de Lira Netto

Esta biografia a respeito da admirável artista Maysa realmente dá o tom daquilo que foi a sua vida: uma mulher repleta de angústias, que procurava a paz; uma amante que se entregava por inteiro aos seus amores, mas que, em razão da sua instabilidade, não conseguiu manter nenhum; uma artista incomparável, que só não foi maior porque conduziu mal a sua carreira; uma pessoa visionária, que não encontrava o seu lugar neste nosso ingrato mundo - especialmente, nosso ingrato e inculto Brasil.

É um livro fascinante e triste, decisivamente uma tragédia escrita.