quinta-feira, 27 de novembro de 2025

"Flor-essência", de Sofia Enderle Silva




- Título: "Flor-essência"
- Autora: Sofia Enderle Silva
- Editora: Filos (SC)
- Ano de lançamento: 2025
- Nº. de páginas: 116


Publicado em 2025 pela Filos Editora, "Flor-essência" é a estreia literária de Sofia Enderle Silva, uma autora de apenas 15 anos que já demonstra uma impressionante maturidade artística. A obra se divide em duas partes: “Poesia”, organizada cronologicamente entre os anos de 2021 e 2025, e “Prosa”, composta por cinco contos. 

Logo no início da leitura, percebe-se que Sofia não se limita à ingenuidade que se poderia esperar de uma escritora tão jovem. Pelo contrário, ela brinca com letras, fonemas, significados e formas, explorando disposições gráficas e sonoras que mexem com os sentidos e constroem uma poesia envolvente. Seus textos são profundos, nada óbvios, e muitas vezes se aproximam da prosa poética. Há ritmo, mas nem sempre rima; há sabedoria, e nunca superficialidade.  

Entre os poemas, destacam-se alguns que se tornaram meus favoritos, como: “Pássaros” (o primeiro que escreveu, aos 11 anos); “Hábito”; “Dependência”; “Diálogo”; “Ciclo”; “Nós e o tempo”; “O ouvido de Bárbara está inflamado e é minha culpa”; “Caindo”; “Eu, tu e nós”; “Entre o Céu e a Terra”; “Inércia”; “Todas as faces instrumentais de um relógio”; “Factual”; e “O homem”. Em todos eles, Sofia revela uma lucidez incomum para sua idade e para um contexto social marcado pela alienação, convidando o leitor a decifrar enigmas e jogos linguísticos que ela habilmente constrói.  

Quando se chega à seção de contos, o impacto é igualmente surpreendente, pois eles estão à altura das narrativas produzidas pelos melhores escritores do país. Surge, então, a dúvida inevitável: seria Sofia melhor poetisa ou contista? A resposta talvez seja que ela transita com igual segurança entre os dois gêneros.

A escrita de Sofia é encantadora e transformou "Flor-essência" em uma das obras poéticas mais marcantes que já li. O fascínio não reside apenas no fato de uma autora tão precoce manifestar tamanha qualidade (o que por si só já seria um atrativo), mas sobretudo na consistência de sua produção. Sua linguagem é acessível, porém, simultaneamente, instiga o leitor a pensar, a decifrar, a mergulhar nos labirintos que elabora com palavras. Por isso, discordo da afirmação de Gilnei Oleiro Corrêa que, na apresentação da obra, chamou-a de “voz promissora”. Para mim, Sofia Enderle Silva não é promessa, é realidade.

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