sexta-feira, 7 de novembro de 2025

"Neve negra", de Santiago Nazarian

Em "Neve negra", Santiago Nazarian narra a história de Bruno Schwarz, um artista plástico bem-sucedido que retorna à antiga casa da família, localizada em uma pequena cidade do interior de Santa Catarina, justamente em um dia de neve atípico. Desde o início, não é apenas o clima que se mostra fora do comum, pois o local tão (re)conhecido pelo pintor está enchendo a sua cabeça de perguntas.

O romance se constrói como um verdadeiro exercício de terror psicológico, em que paranoias, alucinações e dramas concretos se entrelaçam. Nazarian mistura lenda, mistério, isolamento, solidão e crise de identidade, ao mesmo tempo em que contrapõe o sucesso e o fracasso do protagonista. O resultado é uma narrativa que alterna entre suspense, poesia, humor e surrealismo, oscilando constantemente entre presente e passado, devaneio e realidade.  

Mais uma vez, surge a figura de Thomas Schimidt, alter ego literário do autor, que interage com as suas criaturas e oferece um divertido ingrediente ao livro.

Embora não seja a narrativa mais instigante que já li, "Neve negra" se revela interessante e em nenhum momento cansativa. Ao final da leitura, permanece a dúvida essencial: seriam os acontecimentos apenas alegorias criadas por Santiago, fruto da mente perturbada de Bruno Schwarz, ou experiências efetivamente vividas pelo personagem? Essa ambiguidade é o que sustenta a força do romance, deixando no leitor a inquietação própria do melhor terror psicológico.

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