quinta-feira, 11 de setembro de 2025

"(in)", de Antônio Carlos Policer




- Título: “(in)”
- Autor: Antônio Carlos Policer 
- Editora: Autografia (RJ)
- Ano de lançamento: 2021
- Nº. de páginas: 140
 
 
Em seu brilhante livro “(in)”, o poeta Antônio Carlos Policer diz muito com o mínimo de recursos, captura a poesia nas situações mais inusitadas e lapida as palavras quando necessário. Seus versos brincam com os vocábulos, tanto com os significados quanto com os significantes. E seus poemas nascem de uma sensibilidade, de uma perspicácia, bem como de um poder de síntese realmente admiráveis.
 
Ao longo da leitura, percebe-se que tudo o que faz é cuidadosamente pensado, e nada está ali por acaso. Por outro lado, constata-se que sua poesia não é para qualquer leitor. É necessário, por exemplo, ter bons conhecimentos prévios para tirar o maior proveito de seus textos.
 
Meus poemas favoritos são: “contagem regressiva”, “poema de utilidade pública”, “dúvida linguística”, “onirismo”, “Poética”, “Persona”, “hora de acordar”, “nova antropofagia”, “auto-reverse”, “doença comercial”, “Exame”, “celibato”, “e-poem”, “A marcha”, “Carta ao administrador”, “desca(n)so geral”, “descentralização de poder público”, “Paladar”, “Labor” e “Um poema natalino”.
 
Sendo assim, posso afirmar, sem receio, que “(in)” é um dos melhores volumes poéticos que já tive a oportunidade de ler, porque é criativo, inovador, crítico, inteligente, coerente e inspirador. Poucos livros provocaram tanto impacto em mim durante a leitura. Sem sombra de dúvida, Antônio Carlos Policer tira o leitor da zona de conforto e, se este permitir, preenche a sua vida com a mais qualificada poesia brasileira contemporânea.

sábado, 6 de setembro de 2025

"Dança nas sombras", de Julie Garwood

"Dança nas Sombras", de Julie Garwood, apresenta uma narrativa que mistura elementos de suspense e romance. O livro tem início com o casamento de Dylan Buchanan com Kate MacKenna, até que um estranho, que se identifica como Professor MacKenna, traz à tona uma antiga história de rivalidade entre as duas famílias, o que deixa os convidados da cerimônia curiosos e perplexos. Jordan Buchanan, irmã de Dylan, é quem mais fica entusiasmada com o que o excêntrico professor conta e, a partir de então, sai em uma aventura em busca de uma pequena e desconhecida cidade chamada Serenity, na qual encontrará muito além de narrativas pretéritas a respeito dos dois clãs.

Apesar de momentos intrigantes, como os mistérios envolvendo o Professor MacKenna, o ataque à protagonista Jordan e os corpos encontrados no porta-malas, a superficialidade da obra limita o impacto e a empolgação que poderiam envolver um leitor mais exigente. Trata-se de uma leitura para passar o tempo, mas está bem distante de ser marcante. É, na verdade, um título com apelo puramente comercial.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

"Os cem melhores poemas brasileiros do século", de Italo Moriconi

Este volume é um tesouro da literatura nacional. Nele, Italo Moriconi seleciona cuidadosamente os cem melhores poemas do século XX, trazendo ao público obras-primas de grandes nomes da poesia brasileira, como: Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Vinicius de Moraes, Adélia Prado, Mario Quintana, Manoel de Barros, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Carlos Nejar, Henriqueta Lisboa, Paulo Leminski, Augusto de Campos, dentre outros tantos autores renomados.

Definitivamente, uma caixa de joias!

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

"Grace", de Richard Paul Evans

"Grace" realmente foi um dos melhores e mais comoventes livros que já li. Ele nos apresenta ao adolescente Eric, integrante de uma família humilde. O menino abriga secretamente sua colega Grace, que fugiu de casa.

Aos poucos, a relação entre os dois aumenta de intensidade, e Eric descobre mais a respeito da família de Grace, inclusive sobre os motivos que a levaram a escapar daquela realidade.

Em sua obra, Richard Paul Evans nos emociona, nos mostra as condições de vida de muitas pessoas e nos enche de (des)esperança.

Portanto, "Grace" é uma história que encanta através de sua narrativa cativante, mas também nos desencanta o olhar para problemas graves que existem, embora, por vezes, optamos por desviar a nossa atenção.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

"Música para o povo que não ouve", de Cannibal

"Música para o povo que não ouve" reúne a maior parte da obra composta por Cannibal, nome artístico de Marconi de Souza Santos, pernambucano do Alto José do Pinho, bairro recifense que Cannibal e seus companheiros na música tornaram conhecido nacionalmente.

No final dos anos 80, Cannibal formou a primeira banda de punk rock do Recife, a Devotos do Ódio, nome inspirado em um livro de José Louzeiro, que, após sofrer certo preconceito por conta da carga negativa dessa denominação, virou apenas Devotos. E são as músicas desse importante e inspirador grupo que motivaram essa publicação.

Logo no início do volume, há um brilhante e longo relato feito por Marcus ASBarr, parceiro de toda a vida dos Devotos, onde narra, de maneira competente e estimulante, a história desses músicos. Após, há um depoimento incrível do próprio Cannibal. E, para finalizar, as estrelas do show, ou seja, as letras das músicas criadas por Marconi, organizadas por álbum, o que certamente proporciona uma viagem pela trajetória da banda.

O aspecto gráfico do livro é magnífico, começando pelo formato quadrado, remetendo a um LP. Além disso, ao longo das páginas, há fotomontagens compostas por fotografias, cartazes de shows, encartes de fitas demo, recortes de matérias de jornais envolvendo a Devotos, etc. Ainda, o texto da obra utiliza a fonte das antigas máquinas de escrever, o que confere um charme especial ao volume. Por fim, artistas plásticos convidados produziram ilustrações relativas a cada álbum da banda, abrindo a seção correspondente a cada disco.

Devotos não é apenas um grupo de músicos que oferecem há décadas uma significativa contribuição para a música brasileira, mas também, a união de seres verdadeiramente humanos que, apesar de tudo, continuaram em sua comunidade e fazem o que podem, por meio de projetos por eles idealizados, para melhorar as condições de vida do povo do Alto, sobretudo das crianças, de modo a diminuir a violência, a criminalidade, a drogadição, a vulnerabilidade social.

Enfim, para mim, que sou fã da Devotos desde o lançamento do primeiro CD, o "Agora tá valendo", de 1996, "Música para o povo que não ouve" é um tesouro de valor inestimável.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

"Devotos, 20 anos", de Hugo Montarroyos

O livro celebra duas décadas da banda Devotos, antiga Devotos do Ódio, um ícone do punk rock brasileiro. A obra é uma homenagem à trajetória e ao impacto cultural desses expoentes humanos singulares e brilhantes.

Essa biografia oferece uma narrativa envolvente sobre a origem e evolução dos Devotos, explorando as dificuldades e conquistas enfrentadas ao longo dos anos. Montarroyos se aprofunda na dinâmica entre os membros da banda, seus processos criativos e o papel crucial que desempenharam na cena musical de Pernambuco, em especial no Alto Zé do Pinho.

O título trata, também, a respeito de outras iniciativas musicais na comunidade, contemporâneas ao Devotos, como Faces do Subúrbio e Matalanamão, cujos integrantes participaram (ou participam) de projetos em comum.

Além de uma rica descrição dos álbuns, shows e turnês, ilustrada por relevantes fotografias, "Devotos, 20 anos" destaca a relação da banda com seus fãs e o legado deixado na música brasileira. É uma leitura essencial para os admiradores do grupo e para aqueles que desejam entender a influência do punk rock no cenário cultural brasileiro.

Para mim, foi uma leitura super interessante, pois sou fã desses personagens desde criança, sendo o líder dos Devotos, Cannibal, um dos compositores e personalidades que mais me influenciaram durante a vida, ao lado de Raul Seixas, Chico Science, Clemente Tadeu Nascimento e Edson "Redson" Pozzi. E, apesar de ser um volume publicado em 2010, atrasado dois anos em relação ao marco de duas décadas desse ícone do Punk Rock brasileiro, cuja fundação se deu em 1988, é carregado de informações essenciais para os admiradores do trabalho de Cannibal, Neilton e Celo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

"Morte ou Glória", de Michael Asher

Infelizmente, não tive a oportunidade de ler a série completa "Morte ou Glória", composta por quatro volumes. No entanto, a versão resumida que encontrei na edição da coleção "Seleções de Livros", da Reader's Digest, já conseguiu me surpreender positivamente.

A narrativa transporta os leitores para o ano de 1942, onde acompanhamos o sargento Tom Caine liderando uma tropa de resgate no deserto do Saara. Sua missão é desafiadora, pois tem de enfrentar tanto as forças alemãs comandadas por Rommel quanto a implacável paisagem e guerrilheiros locais. O objetivo de Caine é salvar a oficial Maddaleine Rose das inescrupulosas garras nazistas. Caso não consiga, deve tomar a difícil decisão de matá-la, para evitar que revele segredos cruciais e sofra torturas inimagináveis.

"Morte ou Glória" se revela uma obra-prima, entrelaçando ação, aventura, romance, drama, suspense, estratégia e fatos históricos. Cada palavra é escolhida com cuidado e inserida no seu devido lugar, resultando em uma leitura envolvente e sublime. Um verdadeiro convite para os amantes da leitura.