Obra enorme em todos os sentidos, "Crime e castigo" é uma narrativa pesada, em virtude da pobreza, precariedade, sujeira e vilania mostradas. Contudo, há momentos de humanidade, amor, solidariedade e amizade dentro da história. E isso tudo torna o livro muito real, com personagens críveis.
Em várias ocasiões, as descrições de pessoas e situações me lembraram daquelas que podem ser observadas no magnífico livro gaúcho "Os ratos", de Dyonelio Machado, posterior, obviamente, a "Crime e castigo".
Porém, em meio a todo esse brilhantismo de Dostoiévski, o final da história me pareceu um pouco forçado, contradizendo o teor do restante da narrativa. Talvez tenha acontecido algo similar ao que sucedeu com José Mojica Marins, em seu filme "Esta noite encarnarei no teu cadáver", quando teve de elaborar um final mais cristão, mais politicamente correto, para que a referida obra cinematográfica passasse pela censura. Por sua vez, acredito eu, o escritor russo criou uma espécie de epílogo feliz, de modo a aumentar a aceitação do público do século XIX.
De qualquer forma, é uma leitura obrigatória.
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