domingo, 30 de dezembro de 2018

"Expresso da meia-noite", de Billy Hayes com William Hoffer

Em "Expresso da meia-noite", William Hayes narra os fatos que envolveram a sua prisão na Turquia por porte de haxixe, bem com a sua subsequente fuga cinco anos depois.

Ele conta tudo o que passou durante aquele período, retratando a atmosfera do presídio e dos outros locais onde esteve, além de descrever as pessoas que mais lhe marcaram.

É, certamente, uma das melhores obras que já li, por apresentar uma história surpreendente e quase inacreditável, escrita de maneira empolgante e comovente.

domingo, 16 de dezembro de 2018

"A Guerra dos Mundos", de H. G. Wells

O livro "A Guerra dos Mundos" lembra pouco as suas adaptações cinematográficas, seja por cada versão retratar a invasão alienígena dentro da sua atualidade, seja pela infinidade de detalhes sinistros descritos no texto de Wells, permitindo uma verdadeira viagem por parte dos leitores.

A obra surpreende por vários aspectos: foi publicada pela primeira vez em 1897(!!!); está a séculos a frente de seu tempo; transmite uma sincera sensação de realismo; filosofa a respeito da fragilidade do homem, apesar do seu sentimento de onipotência.

Enfim, o livro "A Guerra dos Mundos" está muito além dos filmes homônimos, tanto pela profundidade da escrita de H. G. Wells quanto pela intenção da produção.

* Degustação:

"[...] Eles costumavam simplesmente dar no pé rumo ao trabalho... já vi centenas deles, de lanche na mão, correndo loucos e limpinhos para pegar seus trenzinhos com passe anual, morrendo de medo de que seriam demitidos se os perdessem; trabalhando em empregos que temiam fazer o esforço de compreender; dando no pé de volta com receio de que não chegariam a tempo para o jantar; não tirando os pés de casa depois da janta pelo terror dos becos e dormindo com as mulheres com quem estavam casados não porque as quisessem, mas porque elas tinham um pouquinho de dinheiro que prometia segurança em sua mísera correria pelo mundo. Vidas cobertas por apólices e um tantinho investido pelo medo de acidentes. E aos domingos... o medo do além. Como se o inferno fosse destinado aos coelhos! Bem, para esses os marcianos vão ser uma dádiva divina. [...]"

domingo, 2 de dezembro de 2018

"Madame Bovary", de Gustave Flaubert

Decidi realizar a leitura dessa obra por ter lido anteriormente algo sobre o seu autor, bem como por ter recebido essa recomendação da minha orientadora da dissertação de mestrado, que solicitou com certa veemência que eu o fizesse algum dia.

Até a metade do livro, não entendia o motivo para tanto alarde. Parecia-me apenas uma espécie de obra de transição, contrária ao Romantismo, que colocava a personagem Emma, a tal da Madame Bovary, como um tipo de Don Quixote (nesse caso, diferentemente da figura criada por Cervantes, por ter lido muitos e muitos romances românticos, ela frustrava-se com a realidade, sempre à espera do grande amor de sua vida, do seu homem perfeito).

Porém, da metade para o fim, o livro começa a ter mais graça. Após uma sucessão de fatos, percebe-se que, na realidade retratada por Flaubert, não há mocinhos nem vilões. Todos os personagens são egocêntricos e vítimas das circunstâncias.

Dessa maneira, depois de conhecer todo o texto de "Madame Bovary", conclui-se que é um título grandioso, cujas temáticas principais são a traição, o oportunismo e, comandando tudo isso, a brutalidade e a fugacidade do ser humano.

domingo, 18 de novembro de 2018

"O que os cachorros nos ensinam", de Roberta Faria

"Aproveite os prazeres simples", "não desista das pessoas", "contagie com a sua energia", "não guarde ressentimentos", "ame incondicionalmente", "acredite no bem", "seja leal a quem te ama", "faça as pessoas sorrirem", "preste atenção nas pessoas", "confie nos seus instintos". Assim como o livro que comentei anteriormente, "O que os gatos nos ensinam" (de Dilson Branco), a obra em questão apresenta cinquenta imagens e argumentos que reforçam o quanto os cães podem nos tornar seres humanos melhores.

Uma pequena coleção, de imensurável importância, que valoriza cães e gatos e que, por meio da campanha comercial elaborada pela Editora MOL, nos permite ajudá-los pelo menos um pouco.

domingo, 4 de novembro de 2018

"O que os gatos nos ensinam", de Dilson Branco

Composto por imagens belíssimas dos felinos e por cinquenta lições de vida que os gatos são capazes de transmitir aos seres humanos, esse livro é realmente uma joia.

"Mantenha o equilíbrio", "encante-se com o trivial", "esqueça os rótulos", "você não precisa provar nada a ninguém", "festeje a diversidade", "saiba ser coadjuvante", "caia de pé", "valorize sua rotina", "saiba ficar sozinho" e "lamba sua feridas" são alguns dos ensinamentos presentes na referida publicação, que conta, ainda, com um texto explicativo sobre cada um deles.

domingo, 21 de outubro de 2018

"Sonho de uma noite de verão", de William Shakespeare

"Sonho de uma noite de verão" é uma peça divertida e repleta de fantasia. Fala sobre os desencontros amorosos entre as pessoas e a importância da instrução e da preparação quando nos propomos a realizar um trabalho.

***

Bom se fosse como na obra, na qual os desencontros e desamores entre os indivíduos eram causados por seres fantásticos, cuja diversão era o infortúnio dos outros. Assim, a culpa por alguém ter sido grosseiro e/ou severo com o próximo seria eliminada. Do contrário, como está, sabe-se que infelizmente essas atitudes são resultantes da ignorância humana.

domingo, 7 de outubro de 2018

"Poliana", de Eleanor H. Porter

Li "Poliana" pela primeira vez quando criança, numa edição dos anos 70 pertencente à minha mãe.

Contudo, confesso que a obra impactou-me muito mais agora, numa segunda leitura, uma vez que percebi o alto potencial de indagações e críticas dentro de um texto tão romântico.

O livro trabalha com o ponto de vista da criança Poliana, cujas imaturidade e ingenuidade não permitem a real compreensão do funcionamento da complexa vida da sociedade adulta, o que leva o leitor a questionar aspectos importantes da sua existência.

Por outro lado, há o viés dos personagens adultos, que carregam consigo o sentimento de dever, a desilusão, as frustrações, características bem diferentes do otimismo infantil observado na menina.

Porém, a vontade de viver e de ser feliz de Poliana contagia a todos os adultos ao seu redor, proporcionando a eles grande parte dessa vitalidade, desse positivismo. Percebe-se então que, ao argumentar sobre o "jogo do contente", a autora convida o público a praticá-lo durante a sua trajetória também, ajudando as pessoas a tornarem os seus caminhos menos automáticos e mais proveitosos.

E é por tudo isso que esse título, publicado pela primeira vez em 1913, ainda faz tanto sucesso (e sentido), transformando-se em uma leitura obrigatória e inesquecível, aos moldes de "O pequeno príncipe".

domingo, 23 de setembro de 2018

"Bem está o que bem acaba", de William Shakespeare

"Bem está o que bem acaba" fala da manipulação entre as pessoas, apresentando-a sob diferentes formas e em diversas situações.

A peça é surpreendente e avançada, como todo texto shakespeariano. Porém, confesso que esperava mais desse título, devido a sua enorme fama. Considero que há várias obras mais aprimoradas escritas pelo autor, uma vez que essa parece não estar à altura das características de Shakespeare. Ou seja, apesar de belíssima, não se compara a "Hamlet", "Rei Lear", "A megera domada", etc.

domingo, 9 de setembro de 2018

"A história do cinema para quem tem pressa", de Celso Sabadin

A obra "A história do cinema para quem tem pressa" se propõe a contar, em até 200 páginas, o que de mais importante aconteceu com a sétima arte desde o seu surgimento.

Sendo eu um apaixonado por filmes, fiquei fissurado por essa leitura. Tanto que acabei o livro depressa - não por ela ser demasiadamente breve, mas porque achei essa publicação bastante interessante e agradável.

Certamente entrará para o meu "Hall da Fama".

domingo, 26 de agosto de 2018

"Muito barulho por nada", de William Shakespeare

Nesta espécie de tragicomédia, Shakespeare retrata o poder da palavra e das armações.

Em uma das situações desenvolvidas na encenação, um casal de noivos é separado por difamação à noiva. Na outra, um segundo casal é unido por maquinação de pessoas próximas a eles.

Desse modo, através dessa peça de inestimável valor, o dramaturgo inglês mostra o quanto é nocivo tomarmos atitudes sem ouvirmos os nossos instintos, os nossos sentimentos.

domingo, 12 de agosto de 2018

"Sonetos", de Bocage

Sensacionais os sonetos do poeta português Bocage, pois versam sobre os seus sentimentos, os seus pensamentos, as suas mulheres, a sua grandeza, a sua vulnerabilidade. E fazem isso utilizando referências literárias diversas, cuja riqueza dá mais sentido aos poemas e alude à cultura elogiável do seu criador.

Li esses textos em uma edição antiga mas fantástica da Ediouro, contando com comentários de Fernando Mendes de Almeida e ilustrações de Aldemir Martins, detalhes que aprimoram a experiência da leitura.

domingo, 29 de julho de 2018

"Vila Triste", de Patrick Modiano

"Vila Triste" apresenta jovens personagens sem perspectiva, sem planejamento de futuro, entediados, escondendo-se do passado. Quando mais velhos, são saudosistas e conformados.

Nela, Modiano critica alguns tipos de pessoas, como aquelas que vivem de fama e de influência, por exemplo, sem excluir o fato de que elas sempre se dão bem.

A narrativa é fácil, mas não revela as reais intenções do autor, deixando muitas lacunas e permitindo diversas interpretações.

Considero, então, o livro agradável e cativante, embora não seja um título marcante.

domingo, 15 de julho de 2018

"Rio esportivo", de Victor Melo

Cheguei a esse indescritível livro por acaso. Ainda bem que, nesse caso, o acaso me trouxe sorte. Pois, em uma edição luxuosa, com capa dura e formato de álbum de fotografias, essa obra resgata a história do esporte na cidade do Rio de Janeiro. E faz isso por meio de um texto atraente e fotos surpreendentes, cujo impacto nos leva ao Rio de antigamente.

Então, é um material super indicado para quem gosta de Esporte, de História e/ou do Rio de Janeiro. Também, é claro, para aqueles que apenas apreciam uma leitura que não decepciona.

domingo, 1 de julho de 2018

"O Time do Bagaço", de José Márcio Pereira da Silva (Zequinha)

"O Time do Bagaço" apresenta histórias pitorescas acontecidas com os craques do futebol de antigamente.

É um livro muito divertido e curioso, já que relata situações que hoje não ocorreriam mais.

domingo, 17 de junho de 2018

"Bananas podres", de Ferreira Gullar

Buscando uma reflexão extremamente bela sobre o ciclo da vida e a existência humana, o poeta retrata um momento específico de sua infância, envolvendo, é claro, as subestimadas bananas podres, cujo significado se apresenta bem maior do que se poderia imaginar.

Em um livro/álbum que reúne todos os textos escritos por Gullar intitulados "Bananas podres" (uns publicados em 1980, outros, em 2010), o autor ousou realizar também a arte brilhantemente inserida ao longo dos poemas, assim como a escrita dos próprios poemas na sua letra cursiva, o que traz um valor inestimável à obra.

Portanto, um título muito recomendável para ser adquirido e/ou oferecido como presente, tendo em vista a sua importância, em virtude da arte empregada nele, tanto nas colagens e escrita, quanto nos poemas de altíssima qualidade, que me lembram os de Neruda.

domingo, 3 de junho de 2018

"Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon", de José Cândido Carvalho

Nessa obra, o autor conta anedotas fictícias que representam a "cultura", o comportamento e os costumes do povo brasileiro. Mais do que aquilo que é narrado nas histórias, vale ressaltar o estilo e a propriedade da escrita de José Cândido Carvalho, um mestre, um exemplar usuário da língua portuguesa.

Enfim, um livro imperdível!

***

Vejam, por exemplo, o que J. C. Carvalho escreveu em setembro de 1970:

"[...] Publiquei o primeiro livro em 1939 e o segundo precisamente vinte e cinco anos depois. [...] Apareceu o imposto de renda, apareceu Adolf Hitler e o enfarte apareceu. Veio a bomba atômica, veio o transplante. E a Lua deixou de ser dos namorados. Sobrevivi a todas essas catástrofes. E agora, não tendo mais o que inventar, inventaram a tal da poluição, que é doença própria de máquinas e parafusos. Que mata os verdes da terra e o azul do céu. Esse tempo não foi feito para mim. Um dia não vai haver mais pássaros e rosas. Vão trocar o sabiá pelo computador. Estou certo que esse monstro, feito de mil astúcias e mil ferrinhos, não leva em consideração o canto do galo nem o brotar das madrugadas. Um mundo assim, primo, não está mais por conta de Deus. Já está agindo por conta própria."

(CARVALHO, J. C.. Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon. Rocco: Rio de Janeiro, 2003. p. 8.)

domingo, 20 de maio de 2018

"As larvas azuis da Amazônia", de Edgard Telles Ribeiro

Um livro de fácil leitura, mas de difícil compreensão. Uma história interessante, repleta de lacunas. Uma obra bem construída, que, infelizmente, não marca.

domingo, 6 de maio de 2018

"A Casa do Penhasco", de Agatha Christie

Fiquei bastante surpreso com essa obra da Agatha Christie, pois aqui ela lida com dissimulação por parte da "vítima", reviravoltas múltiplas e inimagináveis jogos de interesses, envolvendo até mesmo o uso e o tráfico de entorpecentes.

"A Casa do Penhasco", então, é um livro fantástico como sempre são aqueles escritos por Agatha Christie, mas diferente dos demais por revelar com mais afinco a opinião da autora sobre a mentalidade e o comportamento da juventude inglesa nas primeiras décadas do século XX, uma geração que já era fugaz e inescrupulosa.

domingo, 22 de abril de 2018

"Assassinato na casa do pastor", de Agatha Christie

"Assassinato na casa do pastor" não só confirma o incrível talento de Agatha Christie como escritora, como também reforça o admirável caráter que possuía. Porque, em meio a um romance policial construído de forma a deixar o leitor boquiaberto, há argumentos irresistíveis que possivelmente demonstram a opinião da autora sobre determinados comportamentos.

Agatha Christie, assim como a sua adorável personagem Miss Marple, era, acima de tudo, uma apaixonada estudiosa da natureza humana, sendo, por isso, tão fascinante.

domingo, 8 de abril de 2018

"Gaudério do Alegrete: Poesias Campeiras - Volume 2", de Hormain Calovy

Minha prezada tia Dulce me presenteou com esse livro, cujos poemas têm como características as rimas, a linguagem campeira e as temáticas típicas dos trovadores tradicionalistas.

Nele, Hormain Calovy fala até sobre a morte do Ayrton Senna, o que achei muito bacana.

domingo, 25 de março de 2018

"Mística, sabedoria e autoridade no século XIX: estudos sobre o Irmão Francisco, primeiro superior geral dos Irmãos Maristas", organizado por André Lanfrey, Fabiano Incerti e João Luis Fedel Gonçalves

Recebi essa obra como presente de meu admirável primo Fabiano Incerti, do qual tenho muito orgulho (pelo ser humano que sempre foi e pelo profissional que se tornou). Ele participou dos trabalhos que resultaram nesse interessante livro onde, por meio de linhas de pesquisa distintas, a vida do Irmão Francisco é investigada em detalhes, o que nos traz não só informações preciosas sobre essa personalidade marista, mas também a respeito da religião, da política e do pensamento praticados no século XIX.

Apesar de se tratar de uma coletânea de textos científicos cujo assunto pode parecer um pouco restrito, é uma publicação de extremo valor, pois demonstra óticas variadas sobre um religioso menos valorizado do que mereceria, através de pesquisas bem feitas, relatadas em artigos de convidativa leitura.

Portanto, para mim, ex-aluno de escola marista e profissional interessado em pesquisa, é um prato cheio, tendo em vista que a obra discorre a respeito de fatos e pessoas que eu desconhecia e me traz uma amostra do conhecimento que o meu primo desenvolve.

domingo, 4 de março de 2018

"Cassino Royale", de Ian Fleming

Primeiro livro escrito por Ian Fleming, em 1953, cujas páginas apresentam o personagem James Bond ao mundo, "Cassino Royale", na minha modesta opinião, é superior à obra do autor que comentei anteriormente, "007 contra o satânico Dr. No". Tem menos ação, o que pode desagradar parte dos leitores, porém é mais surpreendente e mais inteligente, contendo reviravoltas e diálogos de tirar o fôlego.

Comparando a obra literária com o filme oficial da franquia, lançado em 2006, quando Bond foi interpretado pela primeira vez pelo loiro Daniel Craig (o que levantou uma polêmica enorme), observo que ambas são produções fantásticas, pois, no filme, a equipe encontrou uma maneira diferente e moderna de contar a história, respeitando as linhas escritas por Fleming.

As duas manifestações artísticas contêm passagens memoráveis, como: a terrível tortura sofrida pelo famoso espião, também as tentativas peculiares de assassinato enquanto os personagens jogaram bacará.

Para finalizar, destaco o diálogo entre Bond e Mathis, no momento em que este visitou o agente inglês no hospital. Nessas páginas, Bond afirma que pedirá demissão e, por conta disso, os dois têm uma conversa memorável.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

"Viva como se estivesse de partida", de Rafael Henzel

Rafael Henzel é o único jornalista a sobreviver ao voo LaMia 2933, na tragédia ocorrida no fim de 2016.

Logo que soube da publicação deste livro, senti vontade de lê-lo. Por um lado, para tentar entender quais são as percepções, os sentimentos e as emoções que um sobrevivente de algo tão terrível tem sobre o fato. Por outro, para ver o que alguém com essa triste bagagem tem a dizer a respeito da vida.

Pode-se afirmar que, na obra, assim como eu esperava, o autor relata a experiência tida durante o acidente aéreo com a equipe de futebol da Chapecoense e discorre sobre o que ele espera da sua existência daqui para a frente. Além disso, descreve quem é a pessoa Rafael Henzel, cujo modo de ser, aliás, lembrou-me bastante do meu.

Então, é uma leitura que nos traz um ponto de vista diferente, pessoal e humano em relação a esse desgraçado acontecimento e uma visão renovada perante o ato de viver, sem as pretensões de um típico livro de autoajuda.

***

Enquanto erechinense, acrescento o quanto o acidente nos comoveu, uma vez que o município de Chapecó é próximo de nossa cidade e a Chapecoense tem sido parceira do nosso Ypiranga, time este que acompanhou a ascensão do seu colega catarinense à elite do futebol, desde a oportunidade em que ambos estiveram na série D quando essa fantástica caminhada começou (no ano de 2009), bem como realizando constantemente amistosos nas duas cidades a partir de então. E, é claro, não se pode esquecer que, dentre as vítimas dessa fatalidade, estava Renan Agnolin, jovem natural de Erechim e colega de emissora de Rafael Henzel, escritor dessa obra.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

"007 contra o satânico Dr. No", de Ian Fleming

Tendo assistido a todos os filmes da franquia "James Bond, 007" sempre com muita curiosidade e interesse, decidi realizar a leitura de pelo menos um dos livros de Ian Fleming, cujas histórias inspiraram essas obras cinematográficas. Então, adquiri (na internet, tamanha a dificuldade de se encontrar) o título "007 contra o satânico Dr. No", em virtude de ter sido o primeiro a ser levado ao cinema.

Sendo assim, após devorá-lo, concluí que o livro é mais crítico e apresenta personagens mais humanos do que o filme. Além disso, desenvolve tipos diferentes de heroísmo e de sedução daqueles observados no cinema, tendo em vista que revela um Bond mais frágil e crível.

Tanto no filme quanto no livro, há fatos e personagens diversos um do outro. Pode-se dizer que isso ocorre em função das possibilidades cinematográficas da época, de diferentes formas de narrativa e de prováveis referências a outras obras do autor.

Por sua vez, mais dinâmico do que o livro, o filme criou uma fórmula constantemente repetida nas suas sequências. Isso se deve ao fato dos roteiristas terem se utilizado do texto do livro com brilhantismo - dentre outros fatores determinantes, como direção, seleção de atores, fotografia, perfeitamente executados, do meu ponto de vista.

Portanto, concluo que os dois, livro e filme, são impecáveis, cada um dentro da sua linguagem. É claro que os livros geralmente são superiores aos filmes que inspiram. Mas, ao comparar esse exemplar com o referido filme, entende-se porque este fez (e faz) um tremendo sucesso e a franquia tem sido cuidada e continuada com redobrado zelo.

***

Curiosidades:

- Honey Rider, a primeira Bond Girl do cinema, interpretada no filme de 1962 pela magnífica Ursula Andress, surge belíssima no livro, porém mais rústica do que a atriz supracitada. Também, possui uma história de vida bem mais triste do que a relatada no cinema e o seu nariz fora quebrado por um estuprador.

- No livro, James Bond enfrenta uma lula gigante, cena que só poderia ter sido realizada de maneira tosca se fosse para o cinema naquela época - um acerto por parte dos produtores, apesar dessa estranha luta aparecer em destaque no trabalho de Fleming.

- As referências aos EUA estão mais presentes no filme, como seria de se esperar - inclusive são os norte-americanos que "resgatam" Bond e Honey Rider no final do filme.

- Já o livro traz ao leitor críticas políticas que passaram bem longe das "telonas" de todo o mundo.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

"Crime e castigo", de Fiódor Dostoiévski

Obra enorme em todos os sentidos, "Crime e castigo" é uma narrativa pesada, em virtude da pobreza, precariedade, sujeira e vilania mostradas. Contudo, há momentos de humanidade, amor, solidariedade e amizade dentro da história. E isso tudo torna o livro muito real, com personagens críveis.

Em várias ocasiões, as descrições de pessoas e situações me lembraram daquelas que podem ser observadas no magnífico livro gaúcho "Os ratos", de Dyonelio Machado, posterior, obviamente, a "Crime e castigo".

Porém, em meio a todo esse brilhantismo de Dostoiévski, o final da história me pareceu um pouco forçado, contradizendo o teor do restante da narrativa. Talvez tenha acontecido algo similar ao que sucedeu com José Mojica Marins, em seu filme "Esta noite encarnarei no teu cadáver", quando teve de elaborar um final mais cristão, mais politicamente correto, para que a referida obra cinematográfica passasse pela censura. Por sua vez, acredito eu, o escritor russo criou uma espécie de epílogo feliz, de modo a aumentar a aceitação do público do século XIX.

De qualquer forma, é uma leitura obrigatória.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

"O mercador de Veneza", de William Shakespeare

"O mercador de Veneza" traz ao público um misto de comédia, tragédia, drama, suspense, romance, terror.

A história é centrada em dois fatos (dentre outros): a bela Pórcia e seus vários pretendentes; assim como o mercador Antônio e sua dívida com o judeu Shylock.

Além de outros fatores, chamaram a minha atenção: a discussão sobre a virtude (ou a falta dela) por parte dos judeus, o que de certa forma já alimentava o preconceito que culminou com o holocausto, no século XX; e algumas das falas mais citáveis da obra shakespeariana.

Na minha opinião, um das peças mais elogiáveis desse gênio da humanidade.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

"Doutor Miragem", de Moacyr Scliar

A história de "Doutor Miragem" é narrada de forma confusa (pois intercala, de maneira "embolada", acontecimentos de diferentes épocas ocorridos com as personagens), mas coerente com aquilo que é contado.

Nela, misturando drama, crítica, comédia, fantasia e erotismo, Scliar revela alguns dos pontos mais polêmicos, difíceis e não tão elegantes e fascinantes da Medicina, utilizando-se, para a referida tarefa, das desventuras do pobre coitado Ramão e do fracassado médico Felipe.

É um livro que vale a pena ser lido, uma vez que agarra o leitor pelo texto presente em suas páginas, chocante, engraçado, surreal, entre outros atributos.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

"O melhor de mim", de Paulo Sant'ana

O finado Paulo Sant'ana divagava. Divagava sobre assuntos importantes, do dia-a-dia, e a respeito de suas viagens, pelo mundo e por ele próprio. Falava aquilo que as pessoas gostavam de ouvir e que, na maioria das vezes, não soava politicamente correto.

Assim, utilizando-se de seus devaneios e ideias polêmicas, Sant'ana construía textos recheados de marcas particulares, crônicas que só ele sabia elaborar, com argumentos de uma filosofia popular e peculiar, vocabulário elegante mas ferino e coesão típica daqueles que expressam no papel tudo o que realmente passa pela sua mente e pelo seu coração.

***

Nesse livro, presente que recebi de meu muito amado irmão, o autor elencou 64 de suas crônicas publicadas no jornal Zero Hora, organizando-as em três temáticas diversas: amor, convivência e existência. Portanto, é uma ótima forma de recordar desse personagem gaúcho, com o qual o povo se acostumou a passar seus dias, acompanhando-o no jornal, no rádio, na televisão e nos vários locais onde se podia encontrá-lo.